Diário do Alentejo

Três músicos do Baixo Alentejo na final do "The Voice"

02 de janeiro 2021 - 19:15
Foto | Vítor Besugo

Luís Trigacheiro, Miguel Costa e João Maria Baião são os três concorrentes do Baixo Alentejo que estão a dar que falar no “The Voice”, um concurso da RTP para descobrir novos talentos. A final está agendada para o próximo domingo.

 

Texto Marta Louro

 

João Maria Baião, 19 anos, vive na Vidigueira com os pais e os irmãos. Ao “Diário do Alentejo”, diz que o concurso “The Voice”, da RTP, tem sido “uma experiência fantástica”. E explica: “Temos aprendido bastante, desde o início do programa, sentimos que houve uma grande evolução, até na forma como cantamos e trabalhamos as músicas. Estamos mais preocupa- dos e empenhados nos temas”.

 

Quando iniciou esta “aventura” tinha a perspetiva de que a região “fosse gostar” da sua participação e prestação mas, confessa, “nunca” pensou chegar tão longe: “Tem sido muito gratificante ver que as pessoas têm estado connosco e não nos deixam, muito pelo contrário. Estão a apoiar-nos. Somos apoia- dos pelo Alentejo e não só, também de vários pontos do país, incluindo ilhas e emigrantes. Tem sido algo fora do normal... até as Câmaras Municipais nos apoiam”.

 

A ideia para participar no concurso televisivo surgiu de forma inesperada. A dupla [Miguel Costa e João Maria Baião] já tinha falado sobre o assunto, mas foi este ano, durante o período de confinamento, que decidiram avançar. João estava em Lisboa, onde após um lanche com o irmão, e no regresso a casa da namorada, reparou num panfleto com o número e uma foto do “The Voice”, o concurso da RTP. “Pensei logo que seria este ano”. Depois, ligou a um familiar para perguntar como podia participar. Falou com Miguel Costa e os dois decidiram avançar em conjunto.

 

O também estudante de economia, na Universidade de Évora, começou a cantar em pequeno, com seis ou sete anos. “Lembro-me de ouvir cassetes no carro do meu avô paterno e de ir apanhando as músicas de ouvido. Sempre vivi muito no meio da música, com os meus pais e os meus tios. Não me lembro ao certo com que idade comecei a cantarolar e a assobiar, sempre gostei muito de assobiar. A música é o que eu quero e nunca a vou largar. Estou a estudar economia, mas quero é música, música e música”.

 

“Logo de início, os amigos e a família não souberam, até porque a ideia era fazer uma surpresa, mas depois ficaram contentes e apoiaram-nos bastante”, lembra Miguel Costa, 19 anos, de Beja. De todas as músicas interpretadas no concurso, foi o “Rancho Fundo” que mais importância teve para ambos, porque é um tema já cantado anteriormente: “Nas redes sociais mandavam-nos mensagens a pedir que a cantássemos. Na minha perspetiva, interpretámo-la muito bem”.

 

“Falo pelos dois”, prossegue Miguel Costa, “gosto muito que as pessoas venham ter connosco e nos deem os parabéns. As pessoas vão ao nosso encontro e dizem que estão a gostar da nossa prestação”. A dupla quer continuar a “dar música” a quem os quiser ouvir. “Desta experiência podemos tirar proveito e começar uma carreira”.

 

O concorrente diz que “sempre” teve a música muito presente na família: “Os meus pais cantam e tocam guitarra, desde muito novo que os ouvia. Aprendi a tocar guitarra cedo. O gosto pela música surgiu através do convívio entre amigos”.

 

Na final do concurso da RTP, o Baixo Alentejo está também a ser representado por Luís Trigacheiro, de 23 anos, natural de Beja, que fala numa “experiência que está a ser muito gira e inesperada”, e que lhe valeu o apuramento para a final: “Nem imaginava que conseguia chegar à final. Está a ser uma experiência muito enriquecedora, porque está a ajudar-me a crescer e a ter outra visão das coisas”.

 

A sua participação no programa surgiu numa conversa a caminho de umas férias em Porto Covo com o João Maria (concorrente que pertence à dupla “adversária” na final). Entretanto, um amigo em comum inscreveu- -o: “Nunca tive muita expectativa porque o ‘casting’ correu mal. Não estava confiante que fosse dar alguma coisa, mas deu e ainda bem”.

 

Luís Trigacheiro, que “nunca na vida” pensou chegar à final, diz encontrar na família e nos amigos o apoio para abstrair-se “dos nervos e dar sempre” o seu melhor. “As Mondadeiras” interpretada no início das denominadas “provas cegas” é um tema que, para si, tem um significado especial: “Foi o ‘boom’, teve um alcance brutal e foi aí que tudo começou, mas o que me deu mais gozo cantar foi o ‘Meu fado meu’, pelo menos até hoje”.

 

Em entrevista ao “DA”, Luís Trigacheiro revela que começou a cantarolar em miúdo, ao ouvir a avó, que fazia parte de grupos corais. “Com o passar do tempo, a música foi surgindo”. Passou pelo grupo “Papa Borregos”, de Alvito, e pelos “Bubedanas”. Neste momento, faz parte de “Os Improvisados”, um projeto que lançou com diversos amigos. “Gostava muito de fazer uma carreira a solo, mas sabemos que no país em que vivemos não é fácil. Não tenho grandes planos, porque é algo que não controlo e não penso, para já, no que vou fazer, por exemplo, daqui a 10 anos, porque não penso assim, penso sempre por etapas”.

 

“Estou a tirar uma licenciatura em agronomia, na Escola Superior Agrária, no Instituto Politécnico de Beja (IPBeja). Não quer dizer que venha a trabalhar na área, mas quero conclui o curso, porque é sem- pre bom ter uma segunda opção. “Cantar sempre foi um sonho, agora mais que nunca”, remata.

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