A Feira das Bibliotecas contará, ainda, no quadro do programa comum, com uma performance poética, tendo por base poetas portugueses contemporâneos, sob a direção da Gisela Cañamero; teatro, com “A pastora leitora”, peça escrita propositadamente para o evento por Gisela Cañamero, interpretada pela atriz Luzia Paramés e com produção das Produções Acidentais e do Arte Pública; um espetáculo para os mais pequenos, “Afinal o caracol”, produzido e interpretado pela companhia Andante; e um outro espetáculo, para o público em geral, produzido e interpretado também pela Andante Associação Artística, intitulado “Biblioteca andante”.
A estas realizações, durante os oito dias em cada concelho, somam-se outras produzidas localmente por cada biblioteca. O que está previsto é que estas iniciativas sejam no mínimo três: encontro com escritores; debate ou colóquio sobre o presente e o futuro das bibliotecas públicas; e Feira do Empréstimo (de livros e outros documentos). O programa em Beja começa na próxima sexta-feira, 29, às 18:00, com a inauguração da Feira das Bibliotecas. Anuncia-se a presença na cerimónia dos presidentes da Câmara Municipal de Beja, Paulo Arsénio, e da Cimbal, Jorge Rosa, da secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira, e do físico e professor universitário Carlos Fiolhais, convidado especial.
Até ao dia 6, no auditório, cafetaria, setor infantil e cave da Biblioteca José Saramago, em Beja, os destaques vão – além dos já referidos – para a sessão “Brincar de ler”, em torno da exposição de Danuta Wojciechowska, para pais e filhos a partir dos três anos (no sábado, 30, às 15:00, e na terça-feira, 2, às 10 e às 14:00); para os espetáculos por Pedro Lamares “A poesia é uma arma carregada de futuro”, para o público em geral (na terça-feira, 2, às 21:30) e “Entre nós e as palavras”, para alunos do 12.º ano de escolaridade (na quarta-feira, 3, às 10:00); para o espetáculo “Cavalo marinho”, de dança e música para a pequena infância, com Ana Raquel Ferreira Martins (na sexta-feira, 5, às 10, 11 e 14:00, e, no sábado, 6, às 15:30 e 16:30); e para o encontro “Entre a poesia e a prosa”, com João Tordo e Rita Taborda Duarte, com moderação de Sandra Dias (na sexta-feira, 5, às 21:30).
As armas do conhecimento
Sendo propósito da Feira das Bibliotecas promover uma maior dinâmica destes equipamentos municipais e estimular o aparecimento de novos públicos para a leitura, a questão justifica-se: hoje, com os e-books e os dispositivos de leitura digital, os telemóveis inteligentes, os computadores portáteis, etc., qual o espaço que resta aos livros em papel? E, neste contexto, em territórios como o do Baixo Alentejo, qual o papel das bibliotecas públicas no futuro?
Constantino Piçarra pensa que “os livros em papel continuarão a ter espaço”, até porque “a relação que se estabelece entre o leitor e o livro é um ato cultural que não desaparece facilmente”, estando aí o mercado editorial “para mostrar que o livro não segue o caminho da extinção”. Reconhece, contudo, que as novas tecnologias de informação tiveram um desenvolvimento exponencial e estão sempre a transformar-se em cada dia que passa. Assim, entende que as bibliotecas públicas, no futuro, incluindo as do distrito de Beja, devem seguir dois caminhos.
Por um lado, não podem perder uma relação estreita com o desenvolvimento das tecnologias de informação, “o que significa que a biblioteca pública, em cada concelho, deve ser o grande nó de acesso à informação disponível, independentemente do meio e da forma em que circula, o que passa também, nomeadamente no caso do Baixo Alentejo, pela concretização de programas de literacia de informação destinados a todos os tipos de público”. Por outro lado – e esta, a seu ver, é a questão decisiva das bibliotecas do futuro –, têm de se afirmar “como espaços onde se acede não só à informação mas também, e sobretudo, ao conhecimento”.
Reforça a ideia: “Hoje, o mundo está cada vez mais informado, mas cada vez menos conhecedor. Estar informado é saber o que aconteceu. Ser conhecedor é saber por que aconteceu. As novas tecnologias bombardeiam o mundo de informação, ao mesmo tempo que reduzem os espaços onde se processa a informação em conhecimento. Locais onde a informação se transforma em conhecimento, o que implica espaços de mediação e de discussão, é um caminho que as bibliotecas do futuro têm de trilhar”.
E insiste: “É da génese das bibliotecas serem locais de resistência cultural, espaços onde a partir dos quais se analisa o mundo e se adquirem armas, as armas do conhecimento, que nos habilitam a transformá-lo. O grande desafio das bibliotecas do futuro é serem capazes de manter sempre acesa a chama do conhecimento, não a deixando apagar pelas ondas vigorosas da informação, que cada vez mais são ondas de desinformação”.
FEIRA DAS BIBLIOTECAS AO LONGO DE TODO O ANO
A Feira das Bibliotecas vai decorrer ao longo de 2019, em momentos diferentes, em cada uma das bibliotecas públicas dos 13 municípios do distrito de Beja que integram a Cimbal. Em Beja, de 29 de março a 6 de abril; em Moura, de 12 a 20 de abril; em Mértola, de 26 de abril a 4 de maio; em Aljustrel, de 10 a 18 de maio; em Almodôvar, de 24 de maio a 1 de junho; em Barrancos, de 5 a 14 de junho; em Castro Verde, de 13 a 21 de setembro; em Ourique, de 27 de setembro a 5 de outubro; em Serpa, de 11 a 19 de outubro; em Ferreira do Alentejo, de 25 de outubro a 2 de novembro; em Cuba, de 8 a 16 de novembro; em Alvito, de 22 a 30 de novembro; e em Vidigueira, de 6 a 14 de dezembro.