Diário do Alentejo

Precariedade na Cultura sem solução "em dois meses"

06 de junho 2020 - 20:15

A ministra da Cultura disse este sábado que a precariedade dos profissionais do setor ficou “mais visível” com a covid-19, mas o Governo não pode “resolver em dois meses o que não foi resolvido em 20 anos”.

 

“Todos nós estamos a viver uma situação” para a qual “nenhum de nós estava preparado. Não vale a pena dizer o contrário”, afirmou a ministra Graça Fonseca, aludindo à pandemia do novo coronavírus (SAR-CoV-2) e aos respetivos constrangimentos que tem provocado.

 

Em Évora, onde visitou as obras do centenário Teatro Garcia de Resende, Graça Fonseca foi confrontada, à entrada e à saída, com uma manifestação de mais de 100 profissionais de várias áreas artísticas da cidade alentejana. Em declarações aos jornalistas, no interior do teatro, a governante reconheceu que a situação decorrente da doença provocada pelo SARS-CoV-2 evidencia a precariedade do setor cultural.

 

Trata-se de “uma situação que coloca mais visível a situação, já de si difícil e precária, de muitos profissionais do setor da cultura”, que “é algo que existe há mais de 20 anos”, afirmou.

 

Segundo a ministra, o Governo está “a trabalhar” e assumiu “o compromisso de, ao longo deste ano, resolver as questões laborais, de carreiras contributivas” ou “de descontos” destes profissionais, entre outras matérias.

 

Mas “não podemos resolver em dois meses o que não foi resolvido em 20 anos, não é possível”, ressalvou, exemplificando que o facto de “a maioria dos profissionais” do setor “só ter recebido 219” euros de apoio pela redução da atividade “é um reflexo, precisamente, de carreiras e de questões laborais e contributivas que não foram resolvidas nos últimos anos”.

 

Os manifestantes, munidos de cartazes, onde referiam a sua profissão, a estrutura cultural que representam ou as dificuldades que enfrentam, e com gritos como “Fonseca não tens graça nenhuma”, tentaram falar com a ministra, mas esta evitou-os e foi inclusive seguida por alguns, até entrar no automóvel.

 

“As manifestações fazem parte da democracia, acho que é importante. Aliás, acho que é mesmo importante que existam até na perspetiva de chamar a atenção das pessoas para o valor que a cultura tem nas nossas vidas”, disse a ministra aos jornalistas.

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