Diário do Alentejo

Resgatar o passado em Mértola com o Terras Sem Sombra

14 de fevereiro 2020 - 12:00
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O programa do Festival Terras Sem Sombra para a vila de Mértola, no fim de semana, dias 15 e 16, propõe “um regresso ao passado, com os pés bem assentes no presente e o olhar no futuro”, diz a associação Pedra Angular, a entidade organizadora.

Assim, o canto gregoriano irá ouvir-se a cappella na interpretação do contratenor espanhol José Hernández Pastor, tendo por palco “o ambiente de um monumento muito especial”, a igreja matriz de Nossa Senhora de Entre-as-Vinhas, antiga mesquita. O concerto, intitulado “Nas Asas do Espírito – Voz e Silêncio”, está agendado para as 21:30 horas de amanhã, sábado.

Segundo Juan Ángel Vela del Campo, diretor artístico do festival, José Hernández Pastor “transmite uma experiência em que se fundem a voz e o silêncio, a reflexão e a serenidade, o recolhimento e a beleza meditativa”.

Também Ángel Medina, catedrático de Musicologia da Universidade de Oviedo, elogia o talento do contratenor valenciano: “Admiro o seu trabalho, a beleza da sua voz, a subtileza da sua maneira de interpretar as palavras e a sua afinação, assim como a inquietação artística que orienta a sua carreira”. O musicólogo colaborou com Hernández Pastor na escolha das peças, sugerindo e cedendo “alguns exemplares de grande importância musicológica” no repertório do canto gregoriano.

A anteceder o concerto, está a agendada para a tarde de amanhã, com encontro marcado para as 15:00 horas na igreja matriz de Mértola, uma viagem de redescoberta do legado islâmico na Vila Museu.

A atividade de património será orientada pelos arqueólogos Susana Gómez Martínez e Cláudio Torres, do Campo Arqueológico de Mértola, instituição que desde há décadas se dedica a estudar os vestígios do período islâmico naquele concelho.

Como refere José António Falcão, diretor do Terras sem Sombra e historiador de arte, “a herança islâmica revela-se à saciedade nas ruas da urbe, nas muralhas, nos vestígios da antiga mesquita, transformada em igreja após a conquista, em 1238, pela Ordem de Santiago, bem como as escavações de uma extensa zona habitacional, erguida no século XII”.

Na manhã de domingo, 16, às 09:30 horas, terá ainda lugar uma visita à horta da Malhadinha, numa “ação de educação para a biodiversidade e salvaguarda dos ambientes naturais e humanos”. Segundo a Pedra Angular, a agricultura sustentável, na horta da Malhadinha, propriedade agrícola pertença do Campo Arqueológico de Mértola, “é exemplo de um sistema que adapta as culturas ao clima e aos solos locais”.

A visita terá como guias o agricultor António Coelho, Dayana Andrade, perita em Ciências Ambientais e Conservação, e Ana Morais, bióloga.

A escola primária de Santana de Cambas, freguesia rural do concelho, “onde uma horta minuciosamente cuidada pela comunidade escolar lhe fornece alimentos de alta qualidade”, será outros dos locais a visitar.

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