Diário do Alentejo

Vinhos do Alentejo em projeto europeu de Inovação Rural

10 de setembro 2019 - 15:50

O Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA) foi o único projeto português e um dos 15 europeus a ganhar o título de Embaixador de Inovação Rural, num concurso promovido pela Comissão Europeia. Em comunicado, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) anunciou que o seu PSVA foi um dos 15 vencedores do Concurso Europeu de Inovação Rural 2019, no âmbito do projeto LIAISON – Melhor Inovação Rural, lançado pela Comissão Europeia.

 

A CVRA “acaba de ver premiado o seu Programa de Sustentabilidade com o título de Embaixador Europeu de Inovação Rural de 2019” pelo LIAISON, disse o organismo alentejano. O concurso “recebeu mais de 200 inscrições de 13 países”, mas “apenas foram selecionados” com o título de Embaixadores de Inovação Rural “15 projetos de 13 países”, um deles o PSVA, realçou a CVRA.

 

O Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo, devido ao seu “caráter inovador e inspirador”, foi considerado “um dos melhores exemplos de toda a Europa de ‘trabalho em conjunto’ em prol da inovação”, salientou a CVRA, referindo que a cerimónia de entrega de prémios está agendada para 3 de dezembro, em Bruxelas, na Bélgica.

 

O LIAISON faz parte da Parceria Europeia de Inovação para a Produtividade Agrícola e a Sustentabilidade (EIP-AGRI), lançada em 2012, pela Comissão Europeia, promovendo os melhores projetos europeus ao nível da inovação na agricultura e silvicultura em áreas rurais. O PSVA é uma iniciativa pioneira em Portugal (apesar de já estar estabelecida noutras partes do mundo), de adesão voluntária, liderada pela CVRA e dirigida a produtores de uva e de vinho da Região Vitivinícola do Alentejo.

 

Dada a dependência total dos recursos naturais, o PSVA visa a proteção e valorização destes ativos naturais através de práticas sustentáveis nas vinhas e adegas, com redução de custos e desperdícios, proteção do meio ambiente e melhoria do bem-estar da sociedade em geral, explicou a comissão vitivinícola. Contactado pela agência Lusa, João Barroso, gestor do Programa de Sustentabilidade, referiu que “havia outras iniciativas nacionais a concurso” e congratulou-se pela escolha. “É o reconhecimento do nosso trabalho. Este projeto foi lançado em 2015, já vai com quatro anos e tem crescido bastante ao nível do número de membros”, com a adesão de 382 vitivinicultores, “e tem-se mostrado bastante eficiente e útil”, destacou. Segundo João Barroso, os vitivinicultores “têm implementado todas as metodologias, métodos e ferramentas” do programa com o objetivo de “otimizar os processos e melhorar o seu desempenho em termos de sustentabilidade”.

 

João Barroso adiantou que os resultados são visíveis, mesmo que a realidade do Alentejo neste setor “seja bastante diversa”, com “alguns produtores que já tinham feito um percurso ao nível da sustentabilidade antes de entrarem no programa, outros que só agora começaram a alavancar esse potencial e outros que vão a meio do caminho”. “O potencial de poupança de água dos vitivinicultores aderentes ronda os 15% a 20% e de poupança de energia anda à volta de 30%”, indicou. O gestor acrescentou que começam a surgir outros dados mais qualitativos. “Temos visto, no último ano ou ano e meio, um aumento significativo de projetos associados à promoção e à conservação da biodiversidade e de ecossistemas”.

 

João Barroso notou que o planeta é só um e que, mercê das alterações climáticas, todos sofrem “os mesmos impactos” e têm “as mesmas necessidades e preocupações”, pelo que “este género de metodologias”, que agora “é reconhecido além-fronteiras e recebe o endosso da Comissão Europeia”, pode “ser perfeitamente aplicada noutros setores da agroindústria”.

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