Ao contrário da perspetiva mais "conservadora" da ACV, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) recorre ao método polínico (recolha de pólen na fase de floração), utilizado desde há duas décadas numa parceria com a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, para antever um aumento global na produção de vinho entre cinco e 10 por cento comparativamente com a campanha do ano passado. Caso a previsão se concretize, a região poderá produzir entre 115 a 120 milhões de litros, volume superior à média dos últimos cinco anos, que foi de 110 milhões, mas ainda assim inferior às de 2010 e 2014, até agora o melhor ano de sempre com uma produção de 122 milhões de litros.
“A previsão é um instrumento essencial para calcular o nível de stocks e a capacidade de resposta às necessidades do mercado”, refere Francisco Mateus, presidente da CVRA, adiantando que “serão as condições climatéricas a ditar a quantidade de uvas que se vai produzir no Alentejo”. Na região, cuja dimensão está entre as maiores de Portugal, com cerca de 22 500 hectares de vinha, as vindimas iniciaram-se em agosto e deverão prolongar-se até aos primeiros dias de outubro.
Nos 130 hectares de vinha da Margaça, em Pias, as vindimas estão também em pleno. Luís Margaça, o neto do fundador da Sociedade Agrícola de Pias que hoje se encontra à frente da exploração, confirma a existência de bons teores de álcool num ano que será marcado por um aumento da produção comparativamente com a média dos últimos anos: “Deveremos chegar ao milhão de litros”.
No ano passado, à semelhança do resto do País, o Alentejo foi atingido por uma vaga de calor, na primeira semana de agosto, que provocou “escaldão” nas uvas e perdas de produção em vários agricultores. Segundo Francisco Mateus, dois em cada três viticultores registaram perdas, mas o facto de ter havido chuvas intensas na primavera e mais área de vinha em produção "atenuou" os prejuízos, tendo permitido ao Alentejo registar 109 milhões de litros (19 por cento da produção nacional) e inverter um ciclo de três anos de queda. De acordo com dados do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), a produção de vinho na região alentejana foi de 115 milhões de litros em 2015, tendo diminuído para 105 milhões em 2016 e para 95 milhões em 2017.
40 por cento do mercado nacional
Os vinhos alentejanos continuam a ser os preferidos dos consumidores portugueses. Nos primeiros seis meses do ano, os vinhos com a marca Alentejo registaram vendas no valor de 125,8 milhões de euros, conquistando 40,7 por cento do mercado nacional e uma vantagem folgada sobre a segunda região, o Douro, que registou vendas no valor de 56,9 milhões de euros. O Minho (região onde se incluem os vinhos verdes) ocupa a terceira posição, com vendas de 45,2 milhões de euros.