Diário do Alentejo

Cortes de Cima: um branco atlântico que abraça a planície

05 de setembro 2019 - 09:00

Texto Manuel Baiôa

 

Em 1988 Hans Jorgensen (dinamarquês) e Carrie Jorgensen (norte-americana, bisneta de emigrantes açorianos) atracaram em Portugal depois de uma viagem em veleiro e adquiriram a “Cortes de Cima”, na Vidigueira. Decidiram plantar castas tintas, numa terra de brancos, e entre elas, algumas não autorizadas como o Syrah. Esta casta francesa oriunda do Ródano foi engarrafada como «Incógnito» e rapidamente conquistou a crítica e os consumidores nacionais e internacionais. A marca Chaminé tornou-se o seu porta-estandarte e os portugueses elegeram-na como uma das suas preferidas.

 

Contudo, a subida do consumo de vinho branco na última década e as alterações climáticas obrigaram a repensar a estratégia da Cortes de Cima. Novamente num movimento contracorrente e inovador, a Cortes de Cima apostou no vinho branco, mas não na casta branca bandeira da Vidigueira, o Antão Vaz. Decidiram adquirir uma propriedade na costa alentejana em 2008, a Zambujeira Velha, junto ao rio Mira e a Vila Nova de Mil Fontes. Com esta localização junto ao Oceano Atlântico procuraram um clima mais fresco, onde as uvas possam amadurecer lentamente e mantenham a acidez e a frescura. Plantaram 50 hectares, com destaque para as castas brancas (Alvarinho, Verdelho, Sauvignon Blanc e Chardonnay), mas também algumas tintas (Pinot Noir e Aragonez).

 

O vinho que hoje apresentamos, Cortes de Cima Branco 2017, foi elaborado pelo enólogo Hamilton Reis e combina uvas da Zambujeira Velha (52% Alvarinho e 23% Sauvignon Blanc ) e uvas da Cortes de Cima (25% Viognier). As uvas de Vila Nova de Milfontes conferem frescura, acidez e salinidade e as uvas da Vidigueira estrutura e doçura. Este lote foi parcialmente envelhecido durante 8 meses em barricas de carvalho francês (65% do volume total).

 

O vinho tem aromas tropicais e a fruta branca e o palato mostrou-se com textura e complexidade proveniente do estágio em barrica, num final longo e refrescante. Ao ser contido no álcool (12,5%) é um companheiro perigoso à mesa, pois apetece sempre beber mais um copo. Este vinho é o parceiro ideal para peixes gordos ou para um queijo curado. PVP: 10 euros.

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