Texto Manuel Baiôa
A Rabo de Ovelha é uma antiga casta portuguesa, possivelmente, com origem no Alentejo, pois a heterogeneidade genética do rendimento desta casta é maior nos clones oriundos da região transtagana.
Esteve espalhada por quase todas as regiões portuguesas, mas nos últimos anos o seu valor enológico foi posto em causa, sendo progressivamente substituída por outras variedades. No Alentejo é, atualmente, a sexta casta branca mais plantada, com apenas 174 hectares, e com tendência para baixar.
A Rabo de Ovelha é uma casta produtiva e por isso amiga do viticultor, sendo usada, no passado, essencialmente em vinhos de lote, ao qual se juntavam várias castas. Os seus cachos são redondos e com bagos verdes ovais. Os vinhos desta casta tinham normalmente graduação alcoólica média e acidez total baixa.
Nos últimos anos, com a introdução das técnicas modernas de fermentação controlada, protegida do oxigénio, outras castas brancas começaram a brilhar, aportando aromas mais entusiasmantes e inebriantes, deixando assim a Rabo de Ovelha para trás.
Contudo, a sóbria Rabo de Ovelha tem qualidades e deve-se estudar e alavancar o seu potencial na vinha e na adega. Sendo uma casta discreta a nível aromático, vai ao encontro duma corrente moderna de consumidores que privilegia castas sóbrias e antigas, bem adaptadas ao território.
Foto | Ricardo Zambujo
A Casa Relvas iniciou a atividade em 1997, dois anos depois de Alexandre Relvas ter adquirido a herdade de São Miguel, no concelho de Redondo. A empresa teve um crescimento contínuo, com novas aquisições em várias sub-regiões do Alentejo, tendo hoje um dos portefólios mais diversificados da região.
Uma das suas referências são os monovarietais, agora sob a chancela da Casa Relvas. Nestes vinhos procura-se mostrar castas distintivas das várias vinhas que o produtor foi adquirindo em diferentes sub-regiões do Alentejo. Uma destas vinhas está localizada em Alcaria da Serra (concelho de Vidigueira), no sopé sul da serra do Mendro.
A Vinha do Monte do Poço foi plantada em 2010 e é uma vinha policlonal, com uma densidade de 3000 plantas por hectare e conduzida em cordão bilateral. Apresenta solos argilo-calcários profundos, o que permite uma grande retenção de água e maturações lentas, dando assim uma enorme frescura e complexidade aromática aos vinhos.
Foi desta vinha que saiu o vinho “Casa Relvas – Vinha do Monte do Poço – Rabo de Ovelha 2022”. O mosto teve uma maceração pré-fermentativa durante oito a 12 horas, seguida de prensa em vácuo, fermentação a temperaturas controladas (15ºC a 18ºC) em cubas de inox durante 10 a 15 dias.
Posteriormente o vinho estagiou quatro meses em barricas de 400 litros. Apresenta um aroma complexo, com notas citrinas e de flor de laranjeira. Na boca é muito fresco, com uma boa acidez e álcool contido (11,5 por cento). Uma excelente aposta da Casa Relvas, demonstrando que devemos dar uma segunda oportunidade à Rabo de Ovelha para brilhar nas mesas ao lado de mariscos, peixes grelhados e saladas. PVP: 9 euros.