Diário do Alentejo

Adega da Vidigueira e Câmara de Cuba valorizam vinhas

15 de abril 2021 - 11:30

Três perguntas a José Miguel Almeida (JMA) e Luís Morgado Leão (LML), respetivamente presidente e enólogo da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito

 

A Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito e a Câmara Municipal de Cuba, assinaram, recentemente, um protocolo de valorização de vinhas centenárias. No que consiste, em concreto, este projeto de colaboração?

 

JMA – Este projeto visa, acima de tudo, a promoção e a preservação das vinhas centenárias de Vila Alva. É um património único, propriedade dos cooperadores da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito, e que tem merecido, nos últimos anos, bastante destaque. Surgiu, entretanto, esta possibilidade de, em conjunto com a Câmara Municipal de Cuba, firmarmos um protocolo que leva também a uma candidatura para a conservação do património natural. Este protocolo tem como objetivo manter, preservar e dinamizar estas vinhas centenárias. Em termos históricos, estamos focados na preservação de uma das nossas identidades locais.

 

Quais as principais características diferenciadoras de um vinho resultante de cepas centenárias?

 

LML – Os vinhos com origem em uvas das vinhas centenárias carregam em si toda uma grande história: Em primeiro, pela idade das vinhas, algumas delas pré-filoxera, depois, pela grande diversidade das castas existentes e dos tipos de solo. Os vinhos que aqui são produzidos são complexos e profundos, quase que misteriosos. Quando os provamos temos a sensação de que estamos a viajar pela história dessas vinhas.

 

Poderá esta iniciativa ser, também, mais um passo importante para o processo de candidatura de vinho de talha a Património Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco?

 

JMA – Este projeto pretende criar condições para que os viticultores mantenham este tipo de viticultura. Estamos perante vinhas cujo sistema de condução e cujas castas lá presentes são, de facto, ímpares e únicas. É um património que, ao se perder, não é recuperável – é, assim, importante desenvolver ações para o preservar e dinamizar, como é o caso deste projeto, onde se pretende dar a conhecer, promover visitas, utilizar ferramentas digitais, de forma a atingirmos o nosso objetivo de preservação. Naturalmente, estas vinhas são um ativo importante e vão seguramente marcar, pela diferença, a candidatura de vinho de talha a Património Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco, que esperamos venha a ser aprovada.

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