TRÊS PERGUNTAS A RITA MARTINS, investigadora responsável do projeto És(cola) Ciência do Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-alimentar do Baixo Alentejo (Cebal)
O És(cola) Ciência foi recentemente financiado pelo Programa de Parcerias para o Impacto do Portugal Inovação Social, no domínio do Empreendedorismo Social. Como apresenta este projeto?
O projeto pretende criar uma estratégia educativa complementar, baseada no pensamento científico, para a promoção do sucesso escolar no 2.º ciclo do ensino básico. É uma iniciativa pensada à medida do território do Baixo Alentejo que incide sobre o problema social do insucesso escolar. Materializa-se por uma ação piloto que pretende validar cientificamente a introdução, em ambiente escolar, de ações e métodos da educação não formal das ciências, ou seja, uma educação não apenas centrada nos saberes de conteúdo, mas que explora os conceitos “mãos na massa” e “aprender fazendo”. O Cebal, enquanto promotor do projeto, pretende alavancar o serviço do Ciência à la Carte, desenvolvendo um novo produto, diferenciado e com valor social acrescentado, assegurando, posteriormente, a sua replicação e comercialização a nível regional e nacional. Dado o seu trabalho de responsabilidade social centrado nas futuras gerações, a EMAS de Beja apresenta-se como investidor social neste projeto. À parceria junta-se a Incubadora de Inovação Social do Baixo Alentejo, que presta apoio à inovação social.
De que forma decorrerá este projeto que iniciará as suas ações piloto já no próximo ano letivo?
O projeto terá uma fase de preparação e organização das ações a aplicar em ambiente escolar, nomeadamente a adequação de metodologias e instrumentos de medição à realidade escolar. Para tal, está a ser constituída uma equipa multidisciplinar entre o Cebal e a escola onde se fará a intervenção que, nesta ação piloto, será a Escola Básica 2,3 Mário Beirão. Durante dois anos letivos serão realizadas atividades lúdico-científicas e serão recolhidos os dados necessários à validação, havendo o seguimento das mesmas turmas ao longo destes dois anos. Em articulação com o investidor social e parceiros regionais, haverá também atividades lúdico-científicas fora do ambiente escolar, durante os períodos de férias.
Quais os objetivos que espera ver atingidos no próximo biénio, tempo de duração das ações piloto deste programa?
Espera-se que a iniciativa promova, no 2.º ciclo, o sucesso escolar, que será aferido através dos resultados escolares na disciplina de Ciências Naturais, da motivação dos alunos e interesse nas matérias escolares, do desenvolvimento de competências específicas para a literacia científica – conhecimento, raciocínio, comunicação e atitudes inerentes ao trabalho científico – e das competências sócio emocionais, como a resiliência, o pensamento crítico, o trabalho em equipa, a empatia, entre outros.