As maratonas de BTT da Geração Radical regressaram ao Penedo Gordo (Beja). Com a mesma qualidade de sempre, com o espírito de proporcionarem atividade física e elevar a arte de bem receber, tão genuína dos alentejanos, mas também com uma missão de solidariedade.
Texto e Foto | Firmino Paixão
Nelson Candeias (Adect/CM Santos) (Team Dando/Peçamodovar) e Marlene Costa (BTT Quarteirense), na maratona (65 quilómetros), João Caetano (CC Portimão) e Carmelita António (individual), na meia maratona (45 quilómetros), e Henrique Pinto (Team Danado/Peçamodovar), nas e-bike (65 quilómetros), foram os vencedores absolutos da IX Maratona da Geração Radical. Simultaneamente, realizou-se o I Gravel Race Geração Radical, prova apadrinhada pelo antigo ciclista profissional almodovarense, Henrique Casimiro. O gravel é uma vertente de ciclismo sobre piso de pedras, onde são utilizadas as chamadas “bicicletas de cascalho”. O antigo corredor, da Efapel Cycling, revelou ao “Diário do Alentejo”: “Estou aqui, sobretudo, para estar com os amigos, com pessoas que sempre me apoiaram durante a minha carreira de ciclista profissional. Quero retribuir esse apoio com a minha presença nestas organizações, que também são de louvar e enaltecer e, claro, incentivar as pessoas para a prática da atividade física que nos mantém de boa saúde”.
Sobre o gravel, Casimiro explicou: “É uma vertente que tem muitos anos, mas existe uma tendência nova. É uma atividade que está a cativar muito o interesse das pessoas e o Alentejo, sem dúvida, tem grandes condições para esta prática. Uma vertente em que andamos, à mesma, na terra batida, como no BTT, mas com um andamento mais rápido e uma condução mais agressiva”.
Habituado a rolar e trepar em bons tapetes de asfalto, o corredor almodovarense admitiu: “Faz muito a diferença, mas é isso que, agora, pretendo. Procuro coisas diferentes, obviamente que a bicicleta continua a ser esse elo de ligação com o que mais gosto de fazer, procurando novas vertentes para desenjoar um bocado do ciclismo de estrada”. Ou será para matar a saudade? “Saudades? Não sinto assim tantas, porque, como deixei as coisas bem definidas e tinha uma ideia bem clara, não direi saudades, mas um período de adaptação a outro tipo de vida. Mas tem-me dado muito prazer andar em novos projetos e estar em atividades diferentes. Agora, a competição sempre fez parte da minha vida desportiva e estes momentos sempre servem para ‘matar o bicho’”.
Retomando uma atividade que tinha sido interrompida em julho de 2016, o Grupo de BTT Geração Radical, agora presidido por Cláudio Silva, recebeu, neste ano, centena e meia de praticantes. O dirigente revelou: “Continuamos inseridos na Taça de Maratonas da Cercibeja. Essa vertente solidária, para nós, é fundamental, porque só assim é que estas coisas fazem sentido. O desporto tem de ter essa vertente de solidariedade e de humanismo”. Cláudio Silva sublinhou: “Estamos numa região de planícies, não temos volta a dar, mas também temos de ter em conta que as provas devem ter percursos que agradem aos atletas que vêm em pura competição e aos que querem apenas divertir-se”. E fez notar: “O BTT está a cair um pouco, porque as provas estão a ser muito desenhadas para o atleta mais competitivo e, depois, esquecemo-nos dos outros 70 ou 80 por cento, que são atletas bons, que treinam, mas que vêm cá para se divertirem, e, depois, apanham provas demasiado complexas e duras, em que os atletas comuns, os ‘betetistas’ de fim de semana, se vão afastando um pouco”. Por isso, reforçou: “Nós quisemos proporcionar aos atletas menos experientes, àqueles que estão agora a iniciar-se, ou que dispõem de menos tempo para treinar, que se consigam igualmente divertir e, simultaneamente, terem um bom desempenho”.
Sobre os níveis de participação, Cláudio Silva, justificou: “A nossa intenção foi sempre reativar tudo aquilo que era o universo Geração Radical e retomar aqui, na aldeia, as provas de BTT que se faziam antigamente. Porém, a realidade mudou ao longo de todos estes anos. No passado chegámos a ter 800 participantes mas, hoje em dia, uma prova que tenha 150 já é uma boa prova. Foi esse o número que recebemos hoje, 138 participantes na meia e na maratona, 12 na maratona em gravel”. Quanto aos pressupostos e às estratégias anunciadas, em novembro de 2024, quando refundaram a Geração Radical, Cláudio Silva afirma que têm sido cumpridos. “Claramente. Tem sido um percurso bem conseguido.
Fizemos a nossa apresentação, organizámos um passeio solidário a favor do Gonçalinho, agora a maratona, e estamos em perfeita sintonia, e articulação, com a União de Freguesias de Salvador e Santiago Maior, a quem eu não posso deixar de dar uma palavra de apreço e agradecimento na pessoa do seu presidente, Miguel Ramalho. Uma pessoa que tem sido inexcedível no apoio que nos tem dado para que tudo corra bem. Sem esse apoio e o dos nossos patrocinadores e da Casa do Povo de Penedo Gordo seria difícil, porque a nossa associação, só por si, não teria capacidade logística, nem financeira, para suportar uma prova destas”. A concluir, o dirigente deixou a nota: “Fazemos isto, muito pelo gosto de montarmos uma prova e proporcionarmos uma boa experiência a quem nos visita, é isso, acima de tudo, o que nos move”.