A última jornada do Campeonato de Portugal teve lugar no passado dia 2. Segundo o calendário litúrgico, este é o dia de Nossa Senhora das Candeias, santa que é o orago de muitas freguesias neste país. Uma crença popular muito antiga relaciona Nossa Senhora das Candeias com a meteorologia do dia: “Se a Nossa Senhora das Candeias estiver a rir, estará o inverno para vir; se estiver a chorar, estará o inverno a passar”.
Texto Firmino Paixão
Com os campeonatos distritais em pausa, entraram em campo, apenas, as equipas do Futebol Clube de Serpa e do Moura Atlético Clube para cumprirem a 17.ª jornada do Campeonato de Portugal. Num dia em que choveu pela manhã e o sol brilhou pela tarde! Ficámos na dúvida: a santa “chorou” pela manhã e “sorriu” na banda da tarde. O inverno está para vir ou o inverno estará a passar? Perceções. São o que são. Estão na moda. A verdade é que para o Moura e para o Serpa foi um dia de inverno e triste, porque ambos perderam os jogos em que estiveram envolvidos, não conquistando qualquer dos pontos em disputa. Devoções à parte, até pelas alterações climáticas que ameaçam o planeta, voltemo-nos para os estudos científicos, bem mais fidedignos, porque fundamentados nos solstícios e nos equinócios. Estamos em pleno inverno. Ponto final.
Os dois emblemas sul-alentejanos enfrentaram dois jogos de elevada dificuldade. Pior o do Serpa, mas, ainda assim, foi quem mais perto esteve de pontuar. O Lusitano de Évora teve um percurso notável na Taça de Portugal, caminhada que terminou em Braga, com os arsenalistas a afastarem os lusitanistas dos quartos-de-final da prova. Antes da taça tinham perdido em Lagoa e, depois da taça, perderam, em casa, com o Amora. “Ressuscitaram” em Moura com uma vitória gorda (6-0) sobre os mourenses e, galvanizados por esse resultado, receberam o Serpa (na foto). Porém, o conjunto da “Terra forte” apresentou-se desinibido, “miando pouco, arranhando sempre e não temendo nunca”, como escreveu Fialho de Almeida (Os Gatos, 1986, “Ulisseia”) e foi mesmo a primeira equipa a marcar. O Lusitano não demorou a igualar a partida, mas os baixo-alentejanos foram porfiando até alcançarem um segundo tento, atingindo o intervalo em vantagem. No regresso ao relvado do Campo Estrela (que será desativado no final da época), o Lusitano beneficiou de um livre frontal à baliza visitante, com uma execução irrepreensível de Miguel Lopes e, mais adiante, surgiu a reviravolta, outra vez na sequência de um lance de bola parada, com Martim Águas a fixar o resultado em 3-2 para os locais. O Serpa ainda correu atrás do prejuízo, não temendo nunca o maior potencial dos eborenses, mas não conseguiu chegar ao empate que, porventura, até mereceria.
O próximo compromisso será neste domingo, frente ao Operário de Lagoa (Açores), décimo classificado da série D. Ora, este Operário, equipa que o bejense Francisco Agatão treinou durante oito temporadas, voa, no domingo, para o continente, para se apresentar perante os serpenses, onde o factor casa e a melhor carreira dos visitados até poderão influir no resultado, permitindo que os alentejanos regressem às vitórias.
O Moura, reza a estatística, nos Açores, marcou primeiro por Miguel Lemos, saindo para período de descanso em vantagem. No reatamento, o Operário arregaçou as mangas e fez três golos de “rajada”. O Moura ainda reduziu e Addico (78’) elevou para 4-2. No domingo terá pela frente uma equipa, diremos, a quem será obrigatório ganhar. O Fabril do Barreiro é a penúltima equipa da tabela, tem apenas duas vitórias e cinco empates, mas, é isso, prognósticos, como diria o outro, “só no final dos 90 minutos”.
Associação de Futebol de Beja
O Boavista de Pinheiros e o Odemirense empataram a uma bola, em jogo que estava em atraso desde a décima terceira jornada da série C do Campeonato Distrital da 2.ª Divisão. Neste fim de semana regressam, em pleno, as provas regionais. Na divisão principal o líder recebe o Renascente, o Castrense jogará em Almodôvar e o Aldenovense desloca-se a Ferreira do Alentejo.
