Diário do Alentejo

Beja Basket Clube já está a competir em todas as suas frentes desportivas

10 de novembro 2023 - 09:46
Seguir os bons exemplos…
Foto| Firmino PaixãoFoto| Firmino Paixão

O crescimento e a consolidação na base da pirâmide de recursos humanos do clube é uma das preocupações recorrentes dos responsáveis pelo Beja Basket Clube. O foco é o trabalho, a disponibilidade e a ambição, porque estes são os pressupostos para a obtenção de resultados.

Texto Firmino Paixão

Pedro Severino, o coordenador desportivo do Beja Basket Clube, não tem dúvidas: “Os objetivos do Beja Basket Clube passam sempre por aumentar o número de atletas, criar atletas na base da pirâmide, nomeadamente, através do minibasquete, para podermos alimentar os escalões mais avançados e, todos os anos, renovarmos essa base entre os quatro e os nove anos. A captação é essencial e é o nosso principal objetivo. Porém, em termos de objetivos desportivos, eles passam por termos equipas c

ompetitivas, termos cada vez melhores atletas e que eles aprendam a gostar da nossa modalidade. Para os resultados em si, não temos objetivos”. A prioridade, digamos assim, é o treino intenso, a via essencial para o crescimento e valorização dos atletas, sublinhou o técnico. “Exatamente, incluindo a equipa sénior, em que temos seis ou sete jogadores com idade de seniores e os restantes são ainda da nossa formação. Os miúdos atingem os 16 ou 17 anos e vão embora para as universidades, o que também saudamos, por isso, temos que lhes dar oportunidades de chegarem à equipa sénior”.

Pedro Severino garantiu mesmo: “Enquanto coordenador desportivo deste clube, a minha principal preocupação é treinarmos para atingirmos os melhores resultados. Trabalhamos cinco vezes por semana com o escalão sub/14, seis vezes com os sub/16, sub/18 e seniores, cinco treinos de campo e um físico. Esse trabalho, que ninguém vê, é o que permite, às vezes, atingir os melhores resultados. É o trabalho que importa que eles percebam que tem que ser feito, se ganhamos ou não, também depende dos adversários. Mas temos a consciência tranquila de tudo fazermos para ganhar, aliás, isto é assim em tudo na vida”. Métodos, horários e compromissos também partilhados com os pais e encarregados de educação dos jovens atletas, garantiu. “Neste ano, quando começámos a trabalhar com o escalão sub/14, fizemos reuniões com os atletas e com os pais para lhes transmitir que era essencial empenharem-se em atingir bons objetivos desportivos e académicos. Tem de existir uma responsabilidade pessoal com os bons resultados escolares e desportivos. Primeiro está a escola e depois o desporto. Para serem atletas deste clube terão que interiorizar isso. Os pais são informados dessa realidade, conhecem os horários disponíveis e estão em sintonia com as nossas dificuldades”. Uma mensagem que o coordenador da modalidade garante que é bem entendida e interiorizada pelos atletas. “Eles sabem que o trabalho é essencial para atingirmos os resultados. Depois, passado um ano, começam a perceber que a mudança é brutal, quer ao nível dos resultados, quer no empenho escolar, porque começam a ser mais organizados, mais disciplinados no planeamento das suas tarefas e isso permite-lhes conciliar tudo o que fazem. E se os resultados forem a consequência do trabalho, eles começam a perceber que é esse empenho que faz a mudança nas nossas vidas”.

Apesar de repartir a atividade do clube por três espaços, Pedro Severino desvaloriza essa diversidade. “Um bom atleta, ou um bom treinador, treina em qualquer lado. Não é isso que está em causa. Antigamente treinava-se na rua e os atletas eram bons. O que está em causa são os horários a que se treina. Um miúdo acorda às sete da manhã para estar na escola às oito, e chega às 10 ou 11 da noite a casa, para acordar no outro dia, outra vez, às sete horas. Este é um país preparado para a prática desportiva? Quem está lá em cima devia repensar um bocadinho isto, porque treinarmos a horas tão tardias provoca um desgaste enorme em atletas e treinadores. O desporto, todas as modalidades, devia estar mais presente nas escolas. O nosso país, nesta área, deveria estar estruturado de forma um bocadinho diferente. O nosso clube segue o exemplo de quem trabalha melhor do que nós e o nosso país devia seguir o mesmo caminho, seguir os bons exemplos. Seria mais fácil”.

O basquetebol é, de resto, uma modalidade com grande tradição académica. Nos Estados Unidos da América (EUA) os clubes nascem nas universidades, lembrámos: “São países que estão direcionados para o desporto e o nosso ainda não está”, lamentou. “Dou um exemplo: trabalhamos a partir das 18 horas e temos atletas com 16 e 17 anos a chegarem a casa às 23:30 horas, enquanto nos EUA, ou aqui ao lado, em Espanha, o desporto está na escola, treinam durante a tarde e à hora de jantar está toda a família em casa. Nós temos um excesso de carga nos programas curriculares, não se libertam os miúdos para outras tarefas. E isso reflete-se nos resultados das equipas nacionais, seja em que desporto for”. Com mais de uma centena de atletas federados, técnicos com formação certificada, o Beja Basket Clube já compete em todas as frentes, faltando-lhe apenas equipas de sub/18 e seniores femininos. Se os mais talentosos chegarão às seleções regionais ou nacionais? “Tudo dependerá do seu rendimento desportivo, mas nós faremos tudo para que eles evoluam e consigam lá chegar”.

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