Diário do Alentejo

Nuno Silva, treinador da equipa Sub/16 do CCP Serpa, está confiante no seu plantel

27 de novembro 2022 - 10:00
Uma geração com futuro
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Um lugar entre os cinco primeiros da 2.ª fase do campeonato nacional Sub/16, numa série onde competirá com a Zona Azul, o Vela de Tavira, o Lagoa, o Costa d’Oiro e o Olhão, é o desejo de Nuno Silva, treinador da formação serpense, que acredita no talento do seu plantel.

 

Texto Firmino Paixão

 

"Estamos a trabalhar no sentido de os miúdos interiorizarem que o objectivo, para a próxima fase, passa por ficarmos entre os cinco primeiros, porque são esses que seguem para a próxima fase do campeonato nacional”, assegurou o portuense, radicado em Beja, que treina a jovem equipa Sub/16 do Centro de Cultura Popular de Serpa.

 

E deixou a mensagem: “Eles têm qualidade para isso, mas dentro de campo terão que o demonstrar”.

 

O Serpa terminou o primeiro momento competitivo no 2.º lugar, apurando-se para a fase seguinte. Era o objetivo?

O objectivo passa, também, um bocadinho por trabalhar estes jogadores para, num futuro, a médio ou longo prazo, integrarem a equipa sénior. Estou com esta geração há quatro anos, temos vindo a trabalhar acima de tudo, a parte do compromisso e da responsabilidade, dos valores que, nestas idades, eles precisam e, em cima disso, a parte técnico-táctica e o modo de estar em campo. Seria um objectivo, não vou negar, pelo menos passar esta 1.ª fase. Num primeiro instante achei que seria um bocado precipitado, mas sabia perfeitamente o valor desta equipa. Estes miúdos têm trabalhado de uma forma incansável e mereciam-no.

 

A 2.ª fase será mais exigente…

Sim, não tenho conhecimento de duas ou três equipas algarvias que se juntarão a nós, sei o valor da Zona Azul, um clube com outro tipo de infraestruturas, sei o valor do Vela de Tavira, pela informação que me foi chegando, acho que o Lagoa e o Costa d’Oiro, de Lagos, são claros candidatos às duas primeiras posições. A Zona Azul e o Tavira andarão pelo 3.º e 4.º, e nós vamos trabalhar para ficarmos na 5.ª posição. Poderemos retirar pontos ao Tavira e à Zona Azul, vamos ver, mas lutaremos até ao final para estarmos numa fase mais adiantada do campeonato nacional.

 

Na fase inicial ganharam os dois jogos ao Sporting de Cuba e perderam, em casa e fora, com a Zona Azul…

Um dos jogos com a Zona Azul foi, realmente, uma prestação menos conseguida da minha equipa. Perdemos por 44-21, notou-se claramente a superioridade da equipa bejense. No jogo aqui em casa, perdemos por quatro pontos, um resultado notoriamente mais equilibrado e tivemos a ganhar por seis pontos. Tínhamos planificado bem esse jogo e eles trabalharam tudo, até ao milímetro, daquilo que tínhamos planeado, fizeram um jogo notável mas, claro, o facto é que a Zona Azul está um passo acima da minha equipa.

 

O seu plantel é misto, algo que não é muito vulgar, mas que se aplaude…

Sim, tenho duas miúdas nesta equipa, porque não temos equipa feminina. Mas tenho um plantel com muito talento, tenho um grupo muito homogéneo, tenho trabalhado muito essa vertente, porque este é um grupo que estou a preparar para, num futuro próximo, integrar a equipa sénior. Mas já tenho alguns grandes clubes com o olho em jogadores da minha equipa. Ligaram-me no verão a perguntar por esses jogadores.

 

O Centro de Cultura Popular de Serpa sempre fez uma grande aposta na formação…

Acho que sim. Só estou em Serpa há quatro anos, por isso, não tenho, naturalmente, grande conhecimento do passado menos recente do clube. Sei apenas aquilo que me vai chegando através de outras pessoas. Com esta geração, eu tenho tentado pautar as coisas de forma muito lenta, mas bem. O que quero dizer com isto? O primeiro ano foi uma espécie de conhecimento de ambas as partes, no segundo, foi tentar que eles aprendessem a gostar do andebol, no terceiro e quarto tentei incutir que, não sendo os resultados o mais importante, as exibições sim, era importante que o rendimento deles dentro do campo fosse no sentido de todos saberem qual a função que lhes estava destinada. Este ano, já incuti um pouco de regras, no sentido de que os resultados seriam importantes. É bom que eles aprendam, quando perdem, que perderam por isto e por aquilo e, quando ganham, também devem saber que ganharam por isto ou por aquilo. Se é uma geração melhor do que as anteriores? Não sei. Não sou a pessoa mais indicada para o dizer porque, no passado, sei que obtiveram grandes resultados nacionais, mas não é esse o meu objectivo com esta geração.

 

Com essa pedagogia, certamente que trabalha também, estes jovens, na vertente social...

Claramente, eles sabem que estou permanentemente em cima deles por causa do rendimento escolar. Sabem que, se tirarem más notas, serão castigados, sabem que as regras, os valores e tudo o que seja boa educação está acima da vertente desportiva. Portanto, eles, à minha frente, não têm comportamento, nem linguagem desadequados, porque eu não lhes permito. Mas esse trabalho não é de agora, vem muito de trás. Nesse aspecto, o clube tem feito também um trabalho muito bom. É um trabalho que cada treinador deve fazer: o desportivo, o social, o compromisso e o respeito. Essa é a nossa missão.

 

Acredita que todos eles vão chegar ao escalão de seniores? Um ou outro ficarão pelo caminho, por razões diversas?

Eu espero que não. Não sou de cá, sou do Porto, mas o que tenho visto, neste, como noutros clubes aqui da região, é que existe um problema grave, que é a inexistência de uma universidade que potencie que os miúdos fiquem por cá. Vão para o Algarve, vão para Lisboa, portanto, eu tenho alunos de excelência aqui. São alunos que vão ao ‘Erasmus’, foram três no ano passado e, este ano, já foram dois, espero que isso não seja um entrave a que eles continuem a jogar andebol, Seja aqui ou em qualquer outro clube na área onde estiverem a estudar. Mas que é um problema no Alentejo, isso é. Um problema grave para uma geração que tem muito futuro.  

 

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