Diário do Alentejo

Zona Azul mantém a equipa sénior no Nacional da III Divisão

06 de outubro 2021 - 16:00

O Campeonato Nacional de Andebol da II Divisão, em seniores masculinos, contará com uma equipa da Associação Cultural e Recreativa Zona Azul, emblema que, depois de anunciar a suspensão da atividade, irá mesmo competir com uma formação muito jovem.

 

Texto Firmino Paixão

 

Mantém-se a tradição. Após alguns altos e baixos, avanços e recuos, a Zona Azul continuará em atividade no escalão de seniores masculinos, em face do compromisso assumido pelos seus atletas juvenis. “Houve realmente uma reversão, numa fase já muito adiantada, em que nos preparávamos apenas para começar a época com os escalões de formação e acabámos por sentir que manter os seniores seria a melhor decisão”, avançou Carlos Guerreiro, que será o treinador da formação bejense. A equipa estreia-se em Beja, no dia 16 de outubro, frente ao Andebol Clube de Sines.

 

Houve uma decisão inicial de não participação da Zona Azul no nacional da III Divisão de seniores e, mais recentemente, essa decisão foi revertida…

É verdade, inicialmente houve essa decisão, difícil como será de calcular, face ao histórico que a Zona Azul tem de permanência da equipa de seniores em diferentes fases, em diferentes momentos, diferentes divisões e com diferentes lideranças, mas sempre continuava a prática desportiva. Salvo erro, nas modalidades coletivas de Beja, éramos o único clube que, desde o seu início, há cerca de 40 anos, nunca tinha deixado de apresentar uma equipa sénior. Portanto, essa primeira decisão, acredito que tenha sido difícil de tomar. Estávamos já todos convencidos, inclusive eu próprio, de que este ano não haveria equipa sénior.

 

O que mudou entre os dois momentos, o da hipotética suspensão e o da continuidade?

Tivemos todo o período de verão para amadurecermos essa ideia. Mas depois acho, muito objetivamente, que esta continuidade também um pouco a ver com as dificuldades que sentimos em organizar o escalão de juvenis. Era um grupo pequeno e a pandemia dificultou a sua continuidade. Tínhamos alguns miúdos, ainda com pouca fidelização ao clube, com os quais trabalhámos no ano passado, quando a retoma foi possível, mas chegámos à conclusão que seria arriscado avançarmos para o campeonato de juvenis. Tínhamos condições para o fazer, mas íamos correr alguns riscos. Então pusemos a hipótese de passar esses miúdos com 16 anos a competirem na III Divisão sénior. Depois também houve um conjunto de circunstâncias que fez com que alguns miúdos tivessem dificuldade em assumir o compromisso em junho – passado o verão a sua situação profissional ou escolar estava mais estabilizada. E temos um grupo partido ao meio, metade está em Beja, a outra metade virá apenas à sexta-feira para treinar, mas a reação deles foi muito positiva. Surpreendeu-nos mesmo a disponibilidade desses jovens, para que nós pudéssemos assumir a continuidade da equipa sénior.

 

O clube vinha de uma renúncia em competir na II Divisão Nacional, na época passada concluiu o Campeonato Nacional da III Divisão com algumas dificuldades e a não continuidade degradava um pouco a sua imagem?

Sem dúvida. Estamos todos de acordo. Mas os problemas que a Zona Azul tem sentido nos últimos anos – e eu tenho estado nas últimas épocas ligado à gestão da equipa sénior – estão há muito identificados. Tínhamos um grupo mais ou menos coeso, que nos dava algumas garantias, mas as pessoas vão assumindo outros compromissos pessoais e profissionais, vão envelhecendo, e sentíamos, desde que começámos a fazer esse diagnóstico, que iríamos ter dificuldades. Mas o problema que temos com a equipa sénior não é um exclusivo da Zona Azul, é um problema desta cidade e desta região. Não conseguimos fidelizar as pessoas. Felizmente, estamos numa modalidade em que, se calhar, e não quero exagerar, 90 por cento dos escalões de formação seguem o ensino universitário e 80 por centro sai de Beja. Os clubes que vivem essencialmente da formação, como o nosso, inevitavelmente terão essas dificuldades. Cada vez mais, viveremos dessa disponibilidade e do amor ao clube, do amor à modalidade e do esforço dos atletas, dos treinadores e dos dirigentes. Mas ponho muita carga no esforço dos atletas e dos seus pais, porque são eles que suportarão as viagens de e para Beja, porque o clube não tem essa possibilidade. É uma realidade de que não podemos fugir.

 

Conseguiu reunir um grupo com capacidade para responder às exigências do campeonato?

O primeiro objetivo, e essa é a mensagem que lhe temos passado, é participar. Obviamente que, até para mim, será um trabalho diferente. Vamos trabalhar com alguns durante a semana e com todos à sexta-feira e ao fim de semana. Vamos reduzir o número de dias de treino, beneficiar também da parceria com o Fit Salvador, sobretudo na pessoa do André Bento, pela disponibilidade que teve em colaborar connosco em termos de trabalho físico, para que o tempo de pavilhão seja apenas trabalho técnico e tático. Seria injusto colocar-lhes algum tipo de pressão, mas este desporto não é de recreação, é um desporto competitivo, eles são bons atletas, têm qualidade, passaram por campeonatos nacionais e por torneios de nível nacional, com bons desempenhos, sabem jogar, a capacidade está lá. Nesta primeira fase procuraremos melhorar os índices físicos e proporcionar-lhe o contacto com bola, acreditamos que se empenharão para tentarmos ganhar os jogos. Se surgirem outros objetivos reformularemos ao longo da época.

 

Já se sabe que competirão com o Sines, Loulé, Lagoa B, Vela Tavira B e Costa d’Oiro (Lagos)…

O sorteio ainda não foi realizado, só sabemos que iniciaremos a competição no próximo dia 23 de outubro e, na semana anterior, a 16, teremos a Taça de Portugal. Portanto, teremos mais umas semanas para nos prepararmos, para voltarmos a estar juntos. Essa tem sido uma sensação muito boa, porque os miúdos voltaram a conviver uns com os outros e todos voltaram a partilhar aqueles sentimentos que tiveram quanto chegaram à modalidade e ao clube. Muitos deles mantiveram contactos, reforçaram a amizade e isso também facilitou a mensagem que quisemos passar quando pensámos em reuni-los para contribuírem para um sentimento de maior companheirismo e de paixão por este clube.

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