O Centro de Cultura Popular de Serpa conseguiu a promoção ao Campeonato Nacional da II Divisão de andebol, em seniores masculinos, mas o técnico Manuel Ramos, estando feliz por este sucesso, sente-se algo injustiçado por não ter sido permitido ao clube o acesso à fase final.
Texto Firmino Paixão
Foi uma época, a todos os títulos, brilhante para o andebol serpense. A equipa venceu a Série 7 da fase preliminar, etapa que concluiu apenas com uma derrota (no pavilhão do Torrense) e, na segunda fase, sofreu uma derrota em casa (por um golo) com a equipa bê do Belenenses. Uma derrota contestada porquanto, nos instantes finais, a equipa alentejana marcou o golo do empate, que a dupla de arbitragem reverteu para uma falta ofensiva, acabando por afastar o Serpa da fase de decisão do título.
Manuel Ramos, o treinador do conjunto da “Terra Forte” assinala essa injustiça, apesar de estar orgulho pela promoção conseguida pelos seus atletas. E lembrou: “Este trabalho começou no início de setembro. Foi uma época muito difícil, por tudo aquilo que passámos, com todos estes problemas da covid-19. Antes deste jogo com o Torrense, que foi decisivo, tivemos uma semana muito difícil, porque 24 horas antes da partida castigaram-nos três jogadores, quando o castigo podia ter saído muito mais cedo. Tivemos uma situação infeliz, que foi um jogador que perdeu o pai na sexta-feira, o funeral realizou-se no sábado e, mesmo assim, ele dispôs-se a jogar. Esta vitória é dele, é de todos os jogadores, mas também do público que esteve connosco”.
Neste último jogo, com o Torrense, ao Serpa bastaria um empate, mas acabou por vencer (29/26) numa partida extremamente competitiva. “É uma modalidade espetacular, muito emotiva, e ficou demonstrado aqui neste jogo que os nossos jogadores têm um coração enorme. Não há dúvida de que o mérito é inteiramente destes atletas, porque o trabalho foi todo deles”, comentou o treinador.
Os locais até nem entraram bem no jogo. No primeiro tempo permitiram que a equipa de Torre da Marinha estivesse quase sempre na frente do marcador, mas ao intervalo o Serpa vencia por 13-12 e não mais se deixou ultrapassar. “A segunda parte foi realmente melhor do que a primeira. Conseguimos assentar mais o jogo, conseguimos também defender melhor, porque era importante defendermos bem, e depois era esperar, porque a equipa que cometesse menos erros sairia vencedora. Fomos nós, estamos de parabéns”, referiu Manuel Ramos, considerando ter-se tratado de um campeonato muito bem-sucedido, apesar das dificuldades. “O nosso sucesso, a nossa promoção à II Divisão é inteiramente merecida, mas sabe a pouco e digo isso porque se não nos tem sido negado o empate com o Belenenses (golo anulado nos últimos instantes e transformado em falta ofensiva), a esta hora estaríamos qualificados para a fase final do campeonato, porque o Belenenses perdeu em Samora Correia. É ingrato, por tudo aquilo que nos fizeram nesse jogo. Foi um jogo em que recuperámos de uma desvantagem de sete golos, chegámos ao último lance e empatámos e, por isso, sentimos que nos foi retirada essa fase final. Estamos felizes pela subida de divisão, mas sabe a pouco, porque podíamos ter ido mais além”.
Ainda assim, objetivo cumprido: “Este era, sem dúvida, o objetivo desta direção, era o objetivo de toda a equipa, há alguns anos que vínhamos a preparar a subida de divisão, finalmente conseguimos, agora vamos descansar, porque, no final de agosto, já temos que estar outra vez prontos para voltarmos a luta”. Quanto ao plantel, é um misto de juventude com atletas mais experientes. “Conseguimos juntar um conjunto de jogadores mais jovens com outros mais experientes, mas sofremos de um mal que não é exclusivo nosso, que é o facto de não termos um leque muito alargado de jogadores, não conseguimos ter as hipóteses de recrutamento que outras equipas têm. Temos também que pensar que possuímos nesta altura três jogadores com muitos jogos de castigo por cumprir, um tem 10 jogos e os outros dois têm cinco, é quase a fase inicial da próxima época na II Divisão. Temos que ajustar isto, para vermos com quem podemos contar, porque os jogadores mais novos também não se conseguem fixar em Serpa… uns vão estudar, outros trabalhar, vamos ver o que conseguimos”.
Agora é tempo de celebrar a promoção “muito mais saborosa porque tivemos mérito para superar todas essas contrariedades”, confessou Manuel Ramos, assumindo que, se depender de si, continuará à frente da equipa. “As pessoas de Serpa gostam muito das modalidades e o andebol é aqui muito querido e muito apoiado. Hoje só conseguimos ter 33 por cento da lotação [do pavilhão], mas certamente, que havendo mais lugares, estaria mais gente e o pavilhão estaria cheio”. O futuro passará também pela formação, que tem nestes jogadores seniores um bom exemplo de dedicação ao clube. “Sim temos que nos preparar para o futuro. Seria bom que conseguimos ter também mais jovens nos escalões de formação e que eles conseguissem chegar a este patamar, que hoje lhes deram um tão bom exemplo”, concluiu.