Diário do Alentejo

Chegou a hora

30 de agosto 2024 - 08:00
Clube Desportivo de Almodôvar pretende mudar de paradigma nos próximos três anosFoto| Firmino Paixão

O Clube Desportivo de Almodôvar conquistou a Taça de Honra da 1.ª Divisão na última época desportiva. Um sucesso determinante para a continuidade do treinador João Nunes à frente da equipa. Mas agora, com um projecto ambicioso, um plantel valorizado e uma forte ambição.

 

Texto e Foto | Firmino Paixão

 

“Sim, isso pesou na minha decisão e, apesar de ter recebido outros convites, acabei por ficar, também por conveniência familiar e, claro, a vitória foi empolgante, as pessoas trataram-me bem e acabei por chegar a acordo com o Almodôvar, para tentarmos desenvolver um projeto a três anos”, reconheceu o técnico João Nunes, 52 anos, que chegou a Almodôvar no último terço da época desportiva anterior, após passagens pelo Lusitânia dos Açores e pelo Almancilense.

 

Esta época será, necessariamente, diferente. O planeamento já teve a sua assinatura?O planeamento foi diferente. Mudámos um pouco o paradigma. Temos jogadores que vêm de fora, jogadores que vieram comigo, que eu já conhecia de outro campeonato. Mas é uma equipa muito jovem, com uma média de idades entre os 23 ou 24 anos. Temos também muitos juniores a trabalhar connosco. Como disse, é um projeto a três anos. Temos um scouting a trabalhar connosco, que vai a diversos países e consegue recrutar alguns jogadores.

 

A base do plantel manteve-se? Claramente. A espinha dorsal será a mesma do ano passado. A formação do Desportivo de Almodôvar é boa. Tem bons jogadores e nós apostamos muito no jogador da terra, mas serão todos de Almodôvar, quem para aqui vem e veste esta camisola, passa a ser almodovarense. Estaremos atentos à formação, pois outro objetivo é formarmos uma equipa de juniores que seja forte. Olharemos para baixo para detetarmos talentos que possamos puxar para cima. Queremos lançar jovens na equipa principal.

 

Na sua apresentação afirmou que está crente numa boa temporada. Que significado tem essa afirmação?Estou realmente crente numa boa temporada. O primeiro ano de um projeto é sempre uma incógnita, mas seguramente que estamos mais fortes do que na época transata e estamos prontos para iniciar o campeonato e sermos competitivos em todos os jogos.

 

Que metas lhe propôs a direção?Não existem metas. Como disse, o projeto é a três anos. Não existe obrigatoriedade de subir, mas considero que seremos muito competitivos em todos os jogos.

 

No futebol é possível desenvolver projetos a curto ou médio prazo. Os resultados, o sucesso mais imediato, não condicionam essas intenções?Acredito nos projetos a médio prazo, por exemplo, a três anos. Mesmo que eu saia a meio, o projeto está em andamento. As bases ficam lançadas e, como eu tenho esta valência que é deixar uma estrutura forte, quem vier a seguir acaba por conseguir também bons resultados, porque a base ficou criada, a estrutura ficou montada. Já iniciei alguns projetos que hoje estão na Liga 3, e estão lá por isso mesmo, apesar de eu ter saído a meio, o outro ano e meio foi de continuidade daquilo que estava feito. Portanto, acredito nos projetos, independentemente da pessoa sair ou não, as estratégias ficaram lá.

 

No final dos três anos a ideia é deixar o Desportivo de Almodôvar onde?Acredito que temos um primeiro ano de experimentação. Um ano de alguma folga, mas acredito na possibilidade de o Almodôvar chegar aos campeonatos profissionais. Não é nos nacionais, é nos profissionais.

 

Tem um plantel capaz de obter esses resultados?Os nossos jogadores andam muito na casa dos 20 ou 21 anos, São jogadores que procuram uma oportunidade no futebol, têm muito potencial. Agora, respondendo à sua questão, o plantel tem qualidade. Tem qualidade individual, veremos se ela se vai interligar no coletivo, pois temos vários tipos de futebol. Temos gente da Austrália, temos gente do Canadá, do Brasil, de África, gente de Almodôvar, a qualidade está lá, é inegável. Veremos se isto tudo acaba por se interligar enquanto equipa. É sempre uma incógnita.

 

Com opções tão universais é porque não se sentiu condicionado pela “ditadura” do orçamento…Tivemos muito cuidado com o orçamento. Mas estes jovens vêm também pelo meu nome, pois eu lancei muitos jovens e isso também é um investimento para eles. Ou seja, o Almodôvar não aumentará de modo significativo o seu orçamento, embora haja sempre um acréscimo quando vêm pessoas de fora. São encargos que têm a ver com a alimentação e alojamento. O clube não estava habituado a isso, mas está a fazer esse esforço. Mas o orçamento não foi um problema, porque há muita gente que vem à procura de treinar comigo, vem à procura de se desenvolver, porque sabem que eu potencio muito bem os jogadores e é isso que eles procuram. Esse é um investimento deles. Não vieram por dinheiro. Vieram procurar a sua oportunidade.

 

A época abre com a Taça de Honra, com o Almodôvar inserido num grupo onde estão o Despertar, o Penedo Gordo e o Renascente…Todas as equipas têm as suas valências e têm as suas capacidades. No futebol nunca ninguém pode dizer antecipadamente que as coisas são acessíveis e estão ganhas. Nunca considerei este ou aquele adversário acessível. Todos me merecem o maior respeito, é esse respeito que faz com que eu encare todos os jogos com muita seriedade.

 

Focados em repetir o sucesso da época anterior?Temos quase essa obrigação. Fomos os vencedores, temos que apostar nessa conquista, mas nós apostamos em todas as conquistas. Temos sempre esse sonho, senão, não andaríamos aqui. Agora, se a bola entra ou não, isso é outra coisa.

 

Começará o campeonato em casa, com o Aldenovense e depois terá um dérbi em Castro Verde…O que posso dizer é que eu encaro todos os jogos de igual forma. Iremos jogo a jogo. O Aldenovense, que defrontaremos no próximo jogo, será o mais difícil. O Castrense virá depois, mas, para mim, acho que o Aldenovense será uma surpresa, porque se reforçou muito bem, tem muitos jogadores de Moura. Ficou com algumas mais-valias do plantel anterior e tem um projeto forte.

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