A aldeia de Odivelas, no concelho de Ferreira do Alentejo, deixará de ser abastecida por autotanques durante os “períodos de seca prolongados” em que “os furos têm dificuldade de fornecimento”. A solução encontrada passa pela instalação de uma conduta de canalização e da construção de uma estação de tratamento de água, junto ao depósito local.
Texto Ana Filipa Sousa de Sousa
Nos últimos anos, a população de Odivelas, no concelho de Ferreira do Alentejo, deixou de estranhar o corrupio de autotanques dos bombeiros voluntários que nos “períodos de seca prolongados” subiam e desciam as ruas da aldeia para abastecer o depósito local.
Contrariamente ao que aconteceu na freguesia de Gasparões – em que a situação era semelhante, mas foi solucionada com “um novo furo com bastante capacidade” –, em Odivelas, face ao seu terreno “rochoso”, não foi possível “encontrar um outro reforço de água” de forma simples e natural.
“Estudaram-se várias alternativas, desde ir buscar água a um furo mais distante ou ir buscar água ao próprio sistema de regra da barragem de Odivelas, [mas] ambos mostraram-se menos favoráveis”, começa por explicar, ao “Diário do Alentejo”, o presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo, Luís Pita Ameixa.
Desta forma, o município e a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA) chegaram a acordo quanto ao método mais “favorável” para dar início ao projeto de fornecimento de água a essa localidade, que passa por “ir buscar água a uma origem que está relativamente próxima de Odivelas”. “Essa origem tem água em permanência, 365 dias por ano e 24 horas por dia, e com pressão”, admite.Para tal, prossegue o autarca, será instalada uma conduta de canalização “desde o ponto da entrega da EDIA até ao depósito de água de Odivelas” e, paralelamente, será construída uma estação de tratamento de água (ETA) junto ao atual reservatório para que esta “entre no depósito já potável e com todas as condições de qualidade”.
“Verificou-se que esta era a situação mais favorável, mais eficiente, e, por isso, estabeleceu-se este protocolo. Neste momento está a trabalhar-se para o projeto técnico para se estabelecer os parâmetros em que será feita depois a obra”, assegura o presidente.
Sem projeto ainda concluído, “os prazos e os valores” da empreitada ainda não estão definidos.
“Ao fim ao cabo, na torneira da casa das pessoas nunca faltou água, se faltava na captação, e era pouca, era complementada no depósito por autotanques, mas estes não eram uma solução duradoura e sustentável”, ressalva.
O protocolo de colaboração foi assinado no passado dia 8 na Junta de Freguesia de Odivelas, tendo sido, inclusivamente, já realizado “o serviço de topografia”, a definição do traçado da conduta, bem como “os contactos com os proprietários dos terrenos que vão ser atravessados”.
Esta solução vem, segundo Luís Pita Ameixa, “garantir que a totalidade do concelho de Ferreira fique com o abastecimento de água adequada, suficiente e com qualidade”.
Para José Pedro Salema, presidente do conselho de administração da EDIA, esta cooperação é ainda uma forma de mostrar outra das valências da empresa, nomeadamente, o abastecimento público e o reforço de água às populações.
“No fundo, [esta resposta] é ter a certeza que mesmo nos períodos mais secos, quando atravessamos secas prolongadas e em que os furos têm uma dificuldade de fornecimento, não vai faltar água naquela aldeia como não falta nas cidades de Beja ou Évora, que já têm os seus sistemas ligados à mãe de água de Alqueva. Portanto, [este projeto] vem garantir que não falta água nas casas de todo o Alentejo”, aludiu.