O homem, assomando uma inabalável vontade desportiva, lançou-se nos primórdios do jogo da bola em envolvimentos que lhe proporcionaram desbravar novas exigências e cimentar teores que o atiraram para inolvidáveis excitações. Moura é uma terra onde o fenómeno fervilha e que mexe emocionalmente com as suas gentes. Num escalpelizar sobre os princípios futebolísticos na terra de Salúquia, deparamo-nos com suculentas realidades que levam o povo ao êxtase. Em Moura cedo se assumiu o decifrar da arte do jogo e sobretudo o conceito de organização, assim como o cogitar do futuro.
Em 1912 o futebol conheceu ali os seus princípios, mas seria em 1918 que se verificou o seu incremento. A reflexão foi coroada com êxito, sendo que o seu progresso motivou a chegada de novos clubes à terra. O doutor Marcelino Fialho Gomes, figura prestigiada no meio, homem que sempre provou interesse no desenvolvimento desportivo, resolveu criar um organismo que associasse os clubes locais a que chamou Federação de "Foot-Ball" Mourense.
Após várias reuniões fundou-se a federação, fazendo parte desse elenco diretivo Evaristo Pereira como presidente, Manuel Rodrigues de Andrade, representante do Moura Futebol Clube, secretário, João Nobre, do 9 de Abril, tesoureiro, João Rodrigues, 5 de Outubro, e André Mendes, Luso, vogais.
A federação, pomposamente constituída, funcionava na sede do Moura Futebol Clube. A curiosidade da iniciativa em congregar clubes numa corporação deu-se precisamente uns anos antes da fundação da Associação de Futebol de Beja (AFB), a 30 de março de 1925. Sendo que a história não é tão-só uma narração de factos biográficos, mas é real, creio que não cometo crime de lesa a pátria evocar Moura como um dos explícitos modelos do mundo desportivo no distrito de Beja.
Conheço a veracidade do empenho que os mourenses conferem ao Moura Atlético Clube (MAC); reconheço, também, outras nuances que interferem com a sua opção de análise a um determinado acontecimento no evoluir do desafio. Contudo, existe nas suas gentes um uníssono condão humano em defesa aos "amarelos". Pessoas simples, dirigentes coesos e que paulatinamente construíram infraestruturas dignas para elevar o nome do grémio ao púlpito.
Atualmente o MAC é uma das referências do cosmos futebolístico regional. Com infraestruturas próprias, sede e um complexo desportivo que preza pela excelência e qualidade de trabalho, é comum em cada época o clube ostentar títulos dispersados pelos diversos escalões que participam na AFB. Na presente temporada, 2019/2020, a equipa sénior mourense lidera convictamente a competição na primeira divisão e prepara-se, com meritíssima justiça, para regressar ao campeonato nacional, não obstante o momento difícil que atravessamos por via de uma guerra biológica e química que levou, pontualmente, à suspensão das provas. Longe vão pois os tempos em que a Federação de "Foot-Ball" Mourense primou pela originalidade!