Diário do Alentejo

O Bem e o Mal
Opinião

O Bem e o Mal

Vítor Encarnação, professor

14 de março 2020 - 11:00

Fazer pontes, escutar, não impor a sua ideologia ou os seus valores morais, ser construtivo, ter a humildade de pedir desculpa, não ser vingativo, são princípios das sociedades humanistas e deviam ser prática comum dos homens e das mulheres de boa vontade, dizia o homem sentado na esplanada. O problema é que esta atitude serena e nobre só se consegue fruto de uma existência plena de experiências, umas mais práticas, outras mais académicas, da assunção do erro, mantendo viva a nossa razão sem atropelar o outro, de viagens físicas ou através dos livros, ou através da História - quão importante é o conhecimento da História. 

 

O problema é que esta atitude equilibrada não promove heróis de pacotilha, não enche o ego dos detentores da razão absoluta e não divide simplesmente o mundo em Bom e Mau. Hesitamos entre acreditar em Rosseau e acharmos que os homens e as mulheres são bons por natureza ou, pelo contrário, crer em Maquiavel e seguirmos a máxima de que os fins justificam os meios. 

 

Quando olhamos à nossa volta, e obviamente também para dentro de nós próprios, é penoso e triste verificar a quantidade de ensinamentos da família, das religiões, das filosofias, que desperdiçamos apenas para sublinharmos a nossa individualidade ou a identidade do grupo a que pertencemos, muitas vezes fazendo uso da infâmia, sendo nós sempre o Bem e os outros sempre o Mal.

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