Diário do Alentejo

A anemia não escolhe idades: saiba como a prevenir e a tratar
Opinião

A anemia não escolhe idades: saiba como a prevenir e a tratar

Beja Santos, jurista

08 de janeiro 2020 - 11:50

A anemia constitui um importante problema de saúde pública de todo o mundo, incide tanto nas populações de países desenvolvidos como em vias de desenvolvimento. É mais prevalente em crianças e grávidas, mas pode afetar também mães a amamentar, mulheres adultas em fase reprodutiva, adolescentes, homens e idosos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, é larguíssima a percentagem da população mundial que dela padece, sendo a sua prevalência entre as crianças com menos de dois anos de aproximadamente 50 por cento.

Veja-se um só exemplo de como pode sobrevir a anemia em seniores. A toma regular de anti-inflamatórios é frequente nas artroses e noutras afeções ósseas muito dolorosas, situações que preponderam nesta faixa etária. Trata-se de medicamentos que podem ser agressivos para o estômago e que podem ser responsáveis por gastrites e, em caso de toma prolongada de doses elevadas, causar hemorragias digestivas que não são visíveis. Essas hemorragias podem originar consequentes anemias crónicas, bastante comuns na idade sénior.

 

A anemia carateriza-se por uma redução dos glóbulos vermelhos ou da hemoglobina (a proteína que transporta o oxigénio) no sangue, comprometendo o adequado fornecimento de oxigénio às várias partes do corpo. Há diversas causas para a anemia: o défice de ferro ou de vitaminas como a B12, as hemorragias e as doenças crónicas; mas a anemia mais comum é a anemia devido ao défice de ferro. A anemia manifesta-se por palidez, cansaço, indisposição, incapacidade para fazer exercício, tonturas, palpitações e muito mais. O défice de ferro pode produzir os seus próprios sintomas, como é o caso da malacia (apetência por elementos não alimentícios como terra), a inflamação da língua e cortes nas comissuras na boca e nas unhas.

 

É face a estes sintomas que o médico pode requerer análises que permitem conhecer o perfil dos constituintes do sangue. A deficiência de ferro pode ser prevenida através de um regime alimentar adequado. Recorde-se que há doenças como a insuficiência renal ou as desordens hemorrágicas que carecem de um quadro preventivo diferente. O recurso a suplementos de ferro pode ser uma das precauções médicas, devendo o profissional de saúde estar atento ao regime alimentar do doente (como é o caso daqueles que seguem regimes vegetarianos muito severos). No caso da anemia por falta de ferro a reposição é feita recorrendo a medicamentos. A toma de medicamentos contendo ferro é normalmente recomendada entre as refeições. Por forma a melhorar a absorção do ferro, é aconselhada a ingestão de alimentos ricos em vitamina C.

 

É totalmente desaconselhada qualquer forma de automedicação. Pode ser prejudicial a toma de ferro por pessoas que dele não necessitem. O tratamento de uma anemia carece de cuidados médicos para identificar as causas e a terapêutica mais adequada. Os medicamentos à base de ferro são melhor absorvidos com o estômago vazio. Não suspenda o tratamento sem instruções médicas. Lembre-se de que se estiver medicado com ferro as suas fezes aparecerão mais escuras do que o habitual. Não se assuste. Esta cor deve-se ao ferro que não foi absorvido e é eliminado pelas fezes. Algum tempo após o fim de tratamento, as fezes adquirem a cor normal.

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