Diário do Alentejo

O poder e a oposição
Opinião

O poder e a oposição

Vítor Encarnação, escritor

11 de julho 2019 - 17:00

Por detrás de um bom exercício de poder deverá estar sempre uma boa oposição. A oposição é, desde que criteriosa e atenta, fundamental para que o poder não perca a noção da realidade. Qualquer poder que não sinta o escrutínio da oposição é um poder que, mais cedo ou mais tarde, de forma mais elaborada ou mais rude, por vertigem ou devaneio, vai falhar relativamente aos compromissos que acordou com os seus concidadãos.

 

E é por isso que é fundamental que o poder seja competente e que a oposição seja eficiente. Quando a eficiência fiscaliza a competência, isso significa uma mais-valia para a comunidade. Uma oposição que desista dos seus princípios, ou que se coloque à margem dos destinos da comunidade que quis dirigir, condena-se a ela própria, não respeita o seu eleitorado e dá ao poder a possibilidade de se tornar autoritário e pretensioso.

 

A tendência do poder é dizer que tudo o que faz é bem feito, que a sua verdade é toda a verdade. Quando isto acontece, a oposição tem um papel determinante na manutenção do equilíbrio. Mas um papel difícil, porque quem acusa é quem tem o ónus de apresentar provas e a apresentação de provas é uma tarefa longa e aturada, é um trabalho de credibilização junto dos eleitores, é a arte de mostrar claramente a alternativa àquilo que existe e se condena. Quando é bem feita, a oposição é o poder que mais assusta o poder.

Comentários