Provavelmente poucos leitores saberão que existe uma associação sem fins lucrativos, que agrega vários autores e escritores alentejanos e/ou residentes no Alentejo. Trata-se de uma agremiação que tem como missão principal a divulgação da literatura nas suas formas mais variadas, assente sobretudo nos textos dos seus associados, mas também com a ambição de alargar o seu âmbito a outras formas de divulgação e enaltecimento da escrita.
No curto espaço da sua existência (três anos) já publicou dois interessantes livros de contos com a temática “Alentejo” e “Água”, respetivamente, sendo os autores todos eles sócios da associação. Paralelamente, lançou um prémio intitulado Joaquim Mestre, em homenagem póstuma ao escritor e antigo diretor da Biblioteca Municipal de Beja José Saramago, figura multifacetada que deixou uma obra interessante como contista e também no domínio do romance, para além do seu entusiasmo na defesa do património da sua cidade.
A segunda edição deste importante prémio está a decorrer, sendo expectável que venha a ter um êxito similar ao primeiro, o qual foi ganho pelo escritor grandolense António José da Costa Neves, de pseudónimo E.S. Tagino, com o romance Um Certo Incerto Alentejo.
Esta associação pauta-se por ser um espaço de convívio entre pessoas tocadas pelo gosto da escrita e também para o aprofundamento das reais preocupações que os fazedores de metáforas e de parábolas experimentam no panorama literário português. Neste grupo de homens e de mulheres livres não existem vedetas, mas sim pessoas dotadas de grande humildade que, por vezes, roça a tão propalada característica dos alentejanos, que assenta na sua reconhecida timidez.
Contudo, o seu papel é fundamental para a amplificação do gosto pela leitura numa época onde existem meios mais acessíveis, que aparecem como potenciais rivais, mas que nunca poderão suplantar a substância inigualável de tocar, de cheirar, de visualizar de forma livre os resultados dos projetos feitos, certamente, com muito empenho e gosto pelos seus autores.
São associações deste género que muito valorizam a nossa região, pois, põem em evidência um rincão de ações e de valores que estavam esquecidas, dando assim a visibilidade possível a um setor que merece a atenção e o carinho que o potencial da escrita encerra.
Muitos e bons anos para a Assesta (Associação de Escritores do Alentejo).