Remete-vos para uma viagem aos anais desportivos bejenses e logo damos conta que, para além do chamado “vício do jogo da bola”, existiam, apesar de escassas, uma ou outra atividade que proporcionavam inesgotáveis prazeres a atletas que se entregavam ao desenvolvimento da sua compleição física em princípios do século XX.
Recorremos à herança deixada por Melo Garrido, juntamos pequenos fios à meada, confecionamos, com garbo, o texto e constatamos que em 1906 um grupo de estudantes, que frequentava colégios em Lisboa, em especial, o Colégio Militar e a Escola Académica, nas férias de Natal de 1906, trouxeram para a cidade um vício que conhece hoje uma elevadíssima afirmação.
Manuel Gomes Palma, Frederico Durão Ferreira, José Candoso, Francisco Nobre Guedes, Joaquim Vilhena Freire de Andrade, Carlos Rodrigues Soure, Manuel Bravo e Albino Rodrigues Soure formaram o grupo de aventureiras personalidades que se assumiram como os introdutores da modalidade na urbe.
Por outro lado, os estudantes do Liceu de Beja encarregar-se-iam de contagiar o tão precioso prazer aos seus concidadãos. João Manuel do Carmo, conhecido por João da Boneca, e Doroteo Flecha Rodrigues foram os homens que tiveram o papel revelante quer na sua fixação, quer no lançamento do futebol local.
Em 1912 surgiu aquela que se assumiu como a primeira agremiação na capital do distrito: o Grupo Sportivo Bejense. Nesta fase de afirmação, constata-se que os jogadores do Sportivo entraram em discórdia face à divisão de convicções no seio do grupo, sendo que os dissidentes formaram o Académico Sport Club, um conjunto que foi considerado o principal mentor do Football Clube Glória ou Morte, cuja fundação se reporta a 1913. Observa-se que em 1914, na cidade de Beja, existiu um grupo que dava pelo nome de Ginázio Clube Bejense e que tinha a sua sede no largo de Santo Amaro. O movimento era enorme e galgava nimbos de esperança e novas agremiações deram vida à cidade.
O Águia Football Clube, fundado no início de 1914 e o Esperança Football Club impuseram uma nova energia e os clubes começaram a dimensionar-se.
Em 1916 deu-se a rutura do Águia e em junho fundou- se o Luso Sporting Clube, uma coletividade que se afirmou ao longo dos anos como o emblema mais representativo bejense. Neste período, considerado fulgente, surgiu à estampa o Onze Football Club. A perspetiva visualizada era animadora e no dia 24 de junho de 1920 fundou-se o Despertar Sporting Clube e em 1923, a 21 de outubro, o União Sporting Clube.
A 1 de fevereiro de 1931 inaugurou-se o Estádio Condessa d’Avilez, registando-se que nesse espaço também havia saraus de ginástica desportiva. Seguiu-se o progredir constante de modalidades que se expandiram pela região e o adeus aos anais desportivos primários e um dia, quiçá, da escriba que tanto tenho laborado para informar leitores ávidos na recolha de informações do passado e do presente. Ora bem, tendo em linha de conta os 119 anos em que o cosmos desportivo se instalou na velha Pax Julia, olhamos para a atualidade e demos bênçãos pela evolução que o desporto paulatinamente foi transformando um palco deveras maravilhoso.