O distrito de Beja pode ficar sem distribuição diária de jornais a partir do início de 2026. A administração da VASP, única empresa que assegura essa distribuição, tornou público que “está a avaliar a necessidade de fazer ajustamentos”, além de Beja, nos distritos de Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança.Apesar de acautelar que “nenhuma decisão definitiva foi ainda tomada, estando esta avaliação em curso com o objetivo de encontrar alternativas”, a verdade é que o ministro da Presidência, Leitão Amaro, depressa reagiu para avisar que qualquer solução pública que ajude a assegurar a distribuição de imprensa no território nacional “implicará sempre ‘mecanismos concorrenciais’ e não passar cheques a uma empresa em concreto”.Ora, esta medida, além da distribuição da imprensa nacional, a acontecer, afetará gravemente a distribuição do “Diário do Alentejo” e outros jornais semanários da nossa região e de todo o interior de Portugal.Em certa medida, apesar de descomprometidas, as palavras simples do ministro são avisadas. Mas temos dificuldade em aceitá-las! Vemos, aliás, esta situação com profunda preocupação e total incredulidade. Não aceitamos este risco de “metade do País”, que é permanentemente esquecida e deixada para trás em tantas áreas, agora também deixe de ter o direito básico a estar informada e a ler jornais em papel. Por outro lado, esta situação, a confirmar-se, o que ainda não acreditamos, para a imprensa regional do Baixo Alentejo (e de todo o interior) será uma “quase sentença de morte”, num país onde nunca houve nem há uma política séria de incentivo à publicação, leitura e sustentabilidade dos jornais. A digitalização crescente não é tudo. Muito menos nas terras do interior. Assim, perante este enorme risco, temos a convicção de que o Governo tem de assumir a responsabilidade de resolver atempadamente o problema. Não será compreensível que se escude naquilo a que o ministro Leitão Amaro chama os “mecanismos concorrenciais” para deixar surgir esta ameaça. O que está em causa é ter todo o interior sem imprensa nas bancas. Não é coisa pouca e, logicamente, parece óbvio que o Governo tem de contratualizar diretamente com a VASP uma solução concreta para impedir esta tão grande ameaça. Somos claros: o Governo não pode permitir que metade do País possa ler jornais e a outra metade não tenha essa oportunidade e direito. Que país seria este? Julgo que ninguém iria compreender, e aceitar, mais este “rude golpe” nos territórios de baixa densidade e, perante o risco, haver uma indiferença do Estado e de quem administra este setor.O problema é muito grave e, além de um direito básico dos cidadãos, estão igualmente em causa muitos postos de trabalho e a sobrevivência das empresas editoras. Se nada for feito, as consequências serão muito graves para os nossos territórios. Não há forma de o Governo, simplesmente, fechar os olhos a tudo isto. Ter metade do País sem jornais, lamentamos dizê-lo, seria uma vergonha!