No pretérito domingo, 5 de outubro, dia da implantação da República em Portugal, em 1910, os sons dos motores das motorizadas ouviram-se ao longo de uma planície onde o chilrear dos pássaros parece agora silenciar o viajante, bem como a própria natureza campestre, uma vez que o seu esvoaçar num horizonte, dantes repleto de sonoridades, é agora algo completamente diminuto.
Mas, a planície sul-alentejana ainda é uma visita que nos remete para a nostalgia de outros hilariantes tempos. Dantes, viam-se os ranchos de homens e mulheres caminhando para o seu local trabalho, um trabalho que ia do nascer ao pôr do sol, mas onde as musicalidades dos seus cantares encantavam o mais singular cidadão que se revia nessas inequívocas belezas.
Hoje, os campos revestem-se com novas culturas, visualizando-se nos solos desenhos agrícolas antagónicos em relação ao passado.
E foi precisamente no sentido em dar movimento e som a uma zona rural na qual já não se vislumbra sequer um pastor, ou de um vaqueiro, ou ainda de um almocreve a encaminhar os seus animais para trabalhos rurais, que a comitiva atravessou aldeias e outros lugares populacionais localizados nas redondezas de Beja, que a Associação Cultural e Recreativa dos Moradores de Porto Peles (ACRM de Porto Peles) fez honra em levar a efeito o 7.º Passeio de Motorizadas.
No programa constou uma concentração e um pequeno-almoço na sede da associação, em Porto Peles, às 08:30 horas, a partida dos participantes foi dada uma hora depois, seguindo-se ao longo do percurso os evocados reforços, onde constou no programa um deles às 11:00, e, finalmente, às 13:00 o almoço convívio nas instalações da coletividade.
Pormenorizando o evento no seu todo, poder-se-á afirmar que o número de motociclistas que se fizeram à estrada rondou os 150 participantes, cujo roteiro cruzou as localidades do Padrão, Baleizão, Quintos, Salvada, Beja, Neves e regresso a Porto Peles.
O ambiente vivido foi de convívio, de companheirismo, sendo que as idades entre os passeantes cruzaram décadas diferentes, tipo, avós e netos ou pais e filhos, existindo, contudo, uma entreajuda num “pelotão” que desafiou a rodovia e se predispôs a concluir o roteiro.
O circuito motociclista pautou-se pela positiva e a tarde foi de uma profícua cavaqueira, dado que o evento, plenamente desportivo, mereceu nota de excelente, ou não tivesse sido a iniciativa aberta ao povo, um povo que se fez representar por gentes que trabalham, outros já aposentados e ainda por jovens estudantes que sentiram o prazer na condução de um passeio que lhes ficará sempre na memória. A ACRM de Porto Peles e o passeio de motorizadas na planície.