Diário do Alentejo

Regressão
Opinião

Regressão

Vítor Encarnação, professor

08 de outubro 2025 - 08:00

A história de um país é a história dos homens e das mulheres que o habitam e o compõem nos mais variados âmbitos. O conhecimento, a inteligência, a dignidade, a cultura, a ética, o espirito crítico e a noção do ridículo são barómetros de uma sociedade mais capaz ou menos capaz.

Só as mulheres e os homens dotados destes princípios são capazes de transformar e fazer evoluir as comunidades, as organizações, as instituições, o país.

 

Todos os outros, inaptos, grosseiros, indecentes, desavergonhados, só disseminam ódio, rigidez mental, imposição, negação, e por vezes, para nossa triste sina, galhofa e perplexidade. Há uma eternidade que andamos nisto, a fugir do básico e a almejar a evolução, a abandonar o execrável e a desejar o sublime, a desprezar a crueldade e a alcançar a sensibilidade, a acusar a falsidade e a promover a transparência.

 

É tão antiga esta história que me faz confusão como é que regredimos tanto.

 

Como é possível que depois de tanto livro, tanto pensamento, tanto saber, tantas aulas, tanta lição de história, tanta arte, tanta gente brilhante, estejamos a ser confrontados com tanta imbecilidade.

 

A banalização dessa imbecilidade entra-me casa dentro e agride-me o cérebro, entra-me sala de aula dentro e mata trinta e oito anos de profissão. Pressupõe-se que cada organização estrutura-se para ser mais capaz, escolhe os melhores, os mais aptos, verifica quem são, como são, o que são, regula-se para não se fragilizar. Para tal, cada organização só deve, sob pena de se desintegrar, incorporar aqueles que deram provas de sapiência e dignidade, só deve aceitar no seu seio aqueles que a fazem evoluir. Obviamente que se o objetivo não for a evolução, qualquer um serve.

Comentários