É nas utopias do tempo que ousamos desafiar histórias desportivas regionais, trazendo à ilustração copiosos retratos de coletividades que desafiaram presumíveis intempéries, valendo o labor dos homens que com eles transportavam mais-valias no saber que visavam contemplar o povo com inováveis motivações.
Em 20 de agosto de 1947, e sob a égide do capitão Alcino Júlio Pires, fundou-se o Atlético Clube Aldenovense, constituindo-se a novel agremiação como a 11.ª filial do Atlético Clube de Portugal, dado que a afinidade ao emblema de Alcântara surgia ligada à passagem, como dirigente, do então militar pelo grémio lisboeta.
Mas, a sequência expectável da sigla foi efémera, uma vez que ao visitarmos a documentação existente na Associação de Futebol de Beja reparamos que na ficha de inscrição, como filiado, datada de 19 de novembro de 1947, três meses depois, já consta como Clube Atlético Aldenovense, uma agremiação confirmada pelo antigo “Diário do Governo” na sua edição n.º 113 de 3 de julho de 1948.
De entre as várias pesquisas efetuadas não se apurou, ao certo, a legitimidade da modificação. Comenta-se, ainda hoje, que a dúvida terá permanecido às expensas diretivas do secretário-geral de nome Francisco Mendes, o homem a quem foi incumbida a tarefa em redigir os estatutos.
Importa, sim, que desfiemos o fio à meada e reportemos este texto sobre o trabalho de um homem, o capitão Alcino Pires, no que fora o seu trabalho inicial. Pois bem, sobre o seu labor citemos que um dos seus primeiros passos foi a construção de campo de futebol no Rossio, junto à escola primária, seguindo-se a construção de infraestruturas entendidas, por ele, como indispensáveis.
Na visão deste senhor, conhecedor dos meandros futebolísticos, mandou construir um campo, assim como cabines em madeira, nas quais os jogadores se equipavam, uma pequena bancada onde o pessoal se acomodava, mormente as senhoras, sendo a arquibancada reforçada com um pano que protegia o pessoal, quer da chuva, quer do calor, e em redor do retângulo de jogo uma proteção feita com ripas de madeira assentes em pequenos barrotes, estrutura que delimitava os jogadores com o público.
Seguiu-se a inauguração da novel sede da coletividade, a qual tinha duas portas de entradas, uma na travessa do Saco e a outra na praça da República. A sede estava apetrechada com três vertentes: a secretaria, um bar e uma casa à parte onde se acondicionavam os equipamentos.
Como resultado de uma nova era, Hilário Madeira Carrasco foi declarado presidente da direção, destacando-se, ainda, António Loureiro da Silva, tesoureiro, e Francisco do Carmo Mendes, secretário. A assembleia-geral teve como presidente Luís Lá Féria Assis e Horta, Luís Louro Madeira, 1.º secretário, e Francisco d’Assis Teixeira Braga, 2.º secretário. Completados 78 anos de vida, o Atlético ganhou novos resplendores, o emblema cresceu, quer no setor de infraestruturas próprias, quer no número de atletas, tem títulos conquistados, já militou no futebol nacional e o povo continua a conviver, com enfâse, o trabalho de dirigentes que jamais atiraram a toalha ao chão.