Diário do Alentejo

Francisco Ferro, uma referência na modalidade de ultra-trail
Opinião

Francisco Ferro, uma referência na modalidade de ultra-trail

José Saúde

20 de setembro 2025 - 08:00

A linha do tempo diz-nos que o ser humano é possuidor de enormes capacidades, físicas e intelectuais, que o alteiam para patamares surpreendentes. Somos unidades humanas em que importa aplicar-se o saber lidar com ferramentas que existem, e tantas vezes esquecidas, em cada um nós. Sejamos, pois, inflexíveis em admirar os dons atléticos que proporcionam ao mais imprevidente popular dos cidadãos altos voos que dantes jamais ousaríamos admitir, mas que, de quando em vez, causam indeléveis surpresas. No universo desportivo há magníficos modelos em que o atleta, já adulto, surpreende turbas de pessoas, tanto mais quando abordamos temas em que as idades pouco contam, mas sim a aptidão que, não obstante o progredir dos anos, são agora atletas em que as palmas se multiplicam em provas desportivas nas quais as suas presenças se revelam merecedoras de distintos feitos por eles alcançados. Francisco Ferro, atleta da Associação de Desportos de Natureza de Mértola – ADN Mértola – é um homem que se dedica ao universo desportivo, particularmente, à modalidade de ultra-trail, ou seja, de corridas de longa distância. Assim sendo, e numa perspetiva aonde as ovações se vão estendendo até ao infinito, Francisco Ferro, no seu escalão, arrebatou, recentemente, um segundo lugar na internacional CCC – Courmayeur-Champex-Chamonix –, integrada no circuito UTMB – Ultra-Trail du Mont-Blanc. O atleta concluiu a prova com o tempo de 15 horas, 11 minutos e 17 segundos, percorrendo os 100 quilómetros na competição, que teve mais de 6000 metros de desnível positivo, disputada entre Itália, Suíça e França. Ferro é natural de Aldeia Nova de São Bento (Serpa), vive em Beja e está incluído no escalão m 50/55. A prova internacional em que participou agrupou 2120 atletas, sendo que cerca de 400 desistiram. A dureza da corrida impõe uma grande preparação física, sendo que este acontecimento juntou desportistas de várias partes do mundo. Ao longo do percurso os desportistas depararam-se com uma série de obstáculos, tais como montanhas, ou de cursos de água, de entre outras complicadíssimas barreiras. Francisco Ferro, de 53 anos, há oito que exercita a modalidade, cinco integrado no Grupo Desportivo de Alcoutim, Algarve, e os últimos três no ADN de Mértola. O seu exemplo é merecedor da nota de excelência, dado que, para além da sua profissão (carpinteiro), é um homem que se dedica de alma e coração a uma circunstância que lhe está na massa do sangue. Basta que deixemos esta menção que se equaciona com a sua mais-valia: 2024, campeão nacional de ultra-endurance, 100 quilómetros, em Seia, serra da Estrela; 2025, ficou em terceiro lugar, na geral, no ultra-trail na serra de São Mamede, Portalegre; na serra da Freita foi segundo, também na geral, na distância dos 100 quilómetros. Nota final e, sobretudo, elucidativa: a inscrição para cada atleta participar numa prova é suportada pelos clubes, de resto, todas as expensas saem dos bolsos dos atletas. É o amadorismo no seu cristalino grau. Força, Francisco Ferro!

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