Barrancos, vila hospitaleira, é uma população que recebe com sumptuosidade os visitantes que por lá chegam. Os misticismos barranquenhos encantam-me e as suas tradicionais festas anuais, em honra a Nossa Senhora da Conceição, a padroeira, assumem-se inquestionavelmente como maravilhosas.
O evento é conhecido pela “Fêra de Barranco” e povo reúne-se em redor de rotineiros costumes que fazem das suas gentes inabaláveis formas de acarinhar aqueles que os visitam.
A terra prima pela aristocrática veracidade em acolher os visitantes, mas sempre com uma colossal dignidade. O forasteiro sente os prazeres de um povo que convive de paredes meias com a vizinha Espanha.
Localizada numa das extremidades do Baixo Alentejo, as suas gentes capricham pela afirmação e mantêm vivas raízes dos antepassados, sendo estes assentes num dialeto próprio, não desvirtuam princípios básicos ao arreigamento de hábitos e rotinas que se esmeram pela aproximação com os vizinhos do outro lado da fronteira que se confinam com os municípios de Oliva de La Frontera, Valencia del Mombuey e de Encinasola.
O desporto é uma porta escancarada para uma juventude que incessantemente ambiciona desenvolver as suas capacidades num mundo onde prolifera o amadorismo. Recorrendo aos anais da história, reza o passado que a mina de Aparis, situada a 12 quilómetros, foi o primeiro campo de futebol ali erigido. De resto, os moços jogavam nas eiras, designadamente na do Carrasco e do Baldio. A 27 de abril de 1982 os jovens lançaram o grito de “Ipiranga”, organizaram-se e fundaram o Futebol Clube de Barrancos. Quem conhece a essência desportiva de Barrancos, sabe que a população sempre se associou ao cosmopolita universo atlético de uma forma desinteressada e obviamente apaixonada.
Faziam-no, e fazem, com orgulho, tendo em conta que a equipa de futebol ser formada com base na “prata da casa”. Os princípios competitivos do Barrancos foram no campeonato do Inatel, seguindo-se a sua filiação na Associação de Futebol de Beja. No meu baú, já consumido pelo progredir do tempo e corroído pela lonjura das épocas, existem inesquecíveis lembranças de um burgo que se entregou de alma e coração à componente desportiva.
Os ditos auscultados a cada momento em que bola, neste caso, rola no interior do retângulo de jogo, relembrando também as extenuantes interjeições vindas de um público que não dá folgas ao largo de um desafio, afirmam-se simplesmente divinais e a plebe arregalava o olho perante a entusiástica barulheira.
“Barranco” foi, e é, uma terra de brandos costumes onde o futebol, em particular, corre apreciavelmente nas veias daquelas simpáticas pessoas que jamais descuraram a sua existência de vida. O Campo de Jogos Municipal do Baldio ganhou novos folgos e é hoje um espaço de todo apreciável. Mas, Barrancos, é ainda conhecida pela modalidade atletismo, sendo Paulo Guerra e Manuel Damião as suas maiores referências, quer a nível nacional, quer internacional. “Biba o deporto em Barranco”!