Outrora palco de grandes emoções desportivas, o certo é que nos princípios da década de 1990, precisamente a 27 de setembro de 1992, o futebol sénior do Clube Desportivo de Beja transitou do Estádio Municipal Dr. Flávio dos Santos para o atual Complexo Desportivo Fernando Mamede, seguindo-se o Despertar Sporting Clube, bem como a transferência de todo o futebol de formação para aquele espaço que, para além de um relvado natural, possui também dois campos de relva sintética. Perante tais mudanças o velhinho estádio ficou moribundo, desértico e, aparentemente, abandonado. É óbvio que o povo da bola se desfazia em comentários, alguns nada favoráveis, perante a sua desilusão de um local que dantes fora de emoções e, obviamente, de algumas tristezas. Nestas circunstâncias, e estas tornaram-se longas, importava reconhecer que a sua degradação fora galopante, desanimadora, arrepiante ao olhar do cidadão comum, ficando na mente do mais incauto observador desportivo que o local, dantes apinhado de histórias, ou de estórias, seria um espaço que jamais teria vida desportiva, sabendo-se que a sua localização era fértil em apetites que os grandes construtores civis não negligenciariam. Porém, a autarquia, detentora do municipal, lá foi fazendo pequenos arranjos, no sentido de garantir a sua manutenção, ficando no ar o sentido nato de que aquele velhinho parque merecia a sua fiel recuperação. Não esqueçamos que o estádio municipal havia sido inaugurado a 27 de abril de 1953, colocando-lhe a câmara de Beja, que tinha como presidente Banha da Silva, o nome do Eng. José Frederico Ulrich, o qual sucedeu então ao estádio Condessa d’Avilez, este inaugurado a 1 de fevereiro de 1931. Mas, a vida, sim a terrena, é fértil em grandes instantes emocionais e de causas que fazem agora dos citadinos bejenses pessoas onde nos seus olhos brilham em campos de trigais em que as papoilas, vermelhas cor do sangue, transmitem sinais de esperança. Apresentado, oficialmente, o projeto sobre a requalificação do estádio Dr. Flávio dos Santos, onde se situará a futura Academia de Futebol de Beja, eis que a tal lufada de ar fresco que o povo há muito ambicionava, regozijaram com tão brilhante iniciativa. O projeto contempla um campo de futebol de 11, um outro de futebol de 9, mais dois de futebol de 7, todos munidos de relva sintética, e um espaço que terá como efeito o futebol de praia. Sobra, contudo, referenciar a falta de um pavilhão para a modalidade de futsal. Claro que nova academia terá outras áreas que se prendem com a edificação de balneários, sendo quatro para as equipas de arbitragem, ginásio, uma sala de formação, gabinetes médico e de trabalho, de entre outras infraestruturas que beneficiarão a panorâmica geral da academia. Pelo que ficou escrito no valor global do projeto, admite-se que os seus custos poderão ultrapassar os três milhões de euros, sendo que a autarquia assume a maioria do investimento e a Associação de Futebol de Beja a importância de 600 mil euros.