Os anos cruzam-se com a sua maquiavélica evolução, ficando legados que marcaram histórias desportivas. Fundado a 8 de setembro de 1947, o Clube Desportivo de Beja surge de uma fusão de clubes existentes na cidade: o Luso Sporting Clube, o União Sporting Clube e o Pax Júlia Atlético Clube.
Afirmam os estatutos no Capítulo I - Denominação, fins e composição - no art.º 1º: “O Clube Desportivo de Beja é a continuação da coletividade que se designava por Luso Sporting Clube...”. Ora bem, tendo o texto como prioridade definir ordenações, diz o art.º 4º: “Considera-se a data de fundação do Clube Desportivo de Beja a 16 de Junho de 1916, por ser esta a data de fundação do Luso Sporting Clube, de que o Clube Desportivo de Beja, como no art.º 1 se diz é a sua continuação”.
Explicado o tema que aqui nos trouxe, sublinhemos a questão do prodígio futebolístico e das sedes. Contextualizando a evolução do Desportivo, assimilemos a insofismável certeza de que a conjuntura, no campo competitivo, jamais se quedou perante épocas francamente doiradas. Hoje, a grande aposta reside no fator de formação, ao invés de um passado no qual a aposta passava pelo futebol sénior.
Observa-se no seu historial que no mês de novembro de 1924, 100 anos ultrapassados, o Luso, gerido por gentes endinheiradas, mudou as suas instalações sociais da rua das Portas de Moura para o antigo casino da “Vista Alegre”, lá para as bandas da rua do Sembrano.
O imóvel terá custado 50 000$00 (249,398 euros), mas um valor que, à época, fora considerado elevado.
Nesta perspetiva, é perfeitamente lógico que enalteçamos o processo evolutivo que, entretanto, se verificou na sua “casa mãe”. Diz-nos a experiência de vida, e sobretudo do conhecimento real da coisa, que a sede do Desportivo de Beja foi “chão que já deu uva”. Findou-se, quiçá, pela conturbação vivida em períodos áureos e que deixou inquestionáveis marcas. Outrora a sua imponência fora enorme e quantas não foram as vezes que transpus aquelas escadas, feitas em pedra, onde as memórias exercitavam para notáveis passados.
No bar, existente na sala ao fundo do corredor, bebiam-se uns copos, comiam-se bons petiscos, enquanto no salão, ao lado direito, se via televisão, a preto e branco, sendo que as cadeiras, ordenadas por filas, se enchiam de gentes, uma cave na qual se jogava ao loto, ou da azáfama dos columbófilos que aos fins de semana faziam do espaço um autêntico corrupio, sendo os cestos com os pombos colocados num casão existente defronte à sede e os disparos dos aparelhos feitos no interior do salão, ou a sala da direção onde por lá ainda permanecem troféus de um passado buliçoso, ou, ainda, a euforia de praticantes e adeptos quando o hóquei em patins esteve em atividade, enfim, uma série de circunstâncias que o tempo ousou resfriar. Mas, o Desportivo de Beja continuará a ser, e sempre será, um dos históricos emblemas que a região eternamente reconhecerá.