Morreu Marinho Ameixa. O óbito ocorreu no pretérito dia 8 e tinha 84 anos. Marinho era oriundo de uma família que a sociedade bejense respeitou, sendo que o clã Ameixa se revelou nas modalidades de tauromaquia, columbofilia e futebol. João Ameixa, seu pai, foi uma figura conhecida em Beja que se destacou nas folias do toureio amador e como jogador no Esperança Football Club, um grupo fundado a 1 de maio de 1931 e no qual militavam rapazes provenientes do largo de Santo Amaro. João era irmão de Manuel Ameixa, um jogador que o futebol alentejano admirou e que atuou no Elvas quando o clube pisava o palco primodivisionário nacional, representando depois o Vitória de Setúbal. Mário Augusto Piçarra Ameixa nasceu em Beja no dia 2 de dezembro de 1940. Marinho, como sempre fora apelidado, foi uma das pérolas que o bairro do João Barbeiro produziu. Numa pesquisa sobre o fenómeno futebolístico na velha Pax Julia constata-se que se iniciou a dar pontapés na bola em terrenos vadios e longe dos olhares atentos dos polícias de giro. “Os meus primeiros passos no futebol foram dados com os moços da zona do João Barbeiro. Os campos eram nas proximidades da praça de touros, na ermida de Santo André e nas eiras. A malta integrava-se em equipas consoante os bairros onde moravam. No fim andava tudo à batatada”, afirmou-me ele em vida. Depois, veio o futebol oficial e adiantava: “Comecei nos juniores do Despertar. O meu tio Manel era o treinador e levou-me para o clube”. Em 1960, já como sénior, transitou para o Desportivo e Marinho explica o porquê: “Fui para fazer o gosto ao meu pai”. Nesses tempos o Desportivo era uma referência na região e chegar à equipa sénior não era tarefa fácil. O “tio” Firmino, roupeiro e antigo atleta do Luso, matreiro e sapiente nas andanças do futebol, assim como do balneário, observava a postura como o possível aspirante a craque se equipava e desde logo lhe prognosticava o futuro. “Este não presta”, afirmava-o com convicção. O método passava por impingir-lhe umas meias rotas, botas de travessas com pregos, calções enormes, camisola debota e o rapaz, que não percebia patavina da forma de jogar, lá concluía que os seus sonhos haviam caído num manto de ilusões. A história de um prémio de jogo de 150 escudos que Marinho viu fugir: “Quando pedi esse dinheiro ao senhor Artur Guerreiro disse-me que os 150 escudos eram para entregar ao meu pai”. Marinho Ameixa prestou serviço militar em Moçambique e jogou no Benfica de Nampula, sendo que no regresso a Beja voltou ao Desportivo com um vencimento mensal de 1500$00. Recordemos um 11 quando a turma bejense atuava na II Divisão Nacional: Alves, Marinho Ameixa, Tino, Nói Madeira, Zezinho, Silvino, Zé Manel, Palma, Suarez, Dionísio e Caramba. Agora partiu para a tal viagem sem regresso. Ficam as memórias. Até sempre, Marinho Ameixa.