Pedro Damião ou Damiano de Odemira, boticário de profissão, nasceu em Odemira no ano de 1475 e morreu em 1544, tendo sido o autor do primeiro tratado de xadrez de que há conhecimento. Damiano, como cristão-novo, foi expulso de Portugal, no reinado de D. Manuel I, tal como aconteceu aos judeus, sendo que o xadrezista rumou a Roma e por lá terá ficado. O burgo recebeu o foral de D. Afonso III em 1256 e a sua vivência com as águas do rio Mira sempre lhes foi familiar. Em Odemira a modalidade do futebol surgiu nos princípios dos anos de 1920 por iniciativa de uma família inglesa, proprietária de uma fábrica de cortiça, tendo sido este clã inglês o explícito impulsionador do vício do jogo da bola na localidade. Nesses tempos a indústria prosperava e a vila aglutinava grande parte da mão de obra daquela região e a 1 de março de 1923 fundou-se o Sport Clube Odemirense. A descrição revelada pelos homens mais antigos, homens que comigo partilharam em vida histórias desportivas admiráveis, diziam-me que a primeira equipa existente na terra foi formada por funcionários da indústria corticeira, a qual utilizava a via fluvial para a exportação dos produtos ali trabalhados. Para memória futura deixo aqui escrito os nomes dos jogadores de uma formação local, em 1925: José Pinto, Fernando Correia, Marcelino Barros, António Rego, Eduardo Lourenço, António Militão Camacho, Ferrôba, Manuel Macarro, António Penha de Almeida, César Alão e Augusto César. A ciência do jogo foi conquistando uma população que jamais renegou a sua afeição ao cosmos desportivo. Reconhece-se que o suposto isolamento geográfico jamais foi um pretexto que impôs obstinadas fronteiras. Por outro lado, o desenvolvimento das modalidades que vão das praticadas em pavilhão ao futebol, passando pela canoagem ou a columbofilia, de entre outras atividades, sendo estas laborações expressas que identificam um concelho opulento em emblemas de colossal grandeza. Assimilando o contexto que por ora nos surge na mente saltemos séculos e centralizemos profícuas atenções na atual presidente do Sport Clube Odemirense de nome Inês Nobre Correia. Especialista em enfermagem comunitária, trabalhando na Santa Casa da Misericórdia de Odemira desde 2010, eis que em 2016 assumiu o comando diretivo do Odemirense. Mulher de armas, expedita na sua forma em participar com a comunidade e elegante no diálogo, Inês foi ainda presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Odemira e, mais tarde, da Associação de Estudantes da Escola Superior de Saúde de Beja. O cosmos desportivo faz dela uma pessoa dedicada, empreendedora, corajosa, desprendida de preconceitos, sendo que já em 2015 tinha incentivado os jovens para a prática do futsal e em 2017 para o voleibol feminino e o desporto adaptado. Inês Correia é, pois, uma dirigente de topo na hierarquia diretiva que, por honra e incumbência no cargo que exerce, merece não só rasgados elogios, bem como simboliza a heroicidade de um exemplo numa área onde prolifera o fator masculino. Inês Correia, a senhora presidente do Odemirense.