Somos amigos desde os tempos da nossa fantástica e endiabrada juventude. Percorremos caminhos comuns, fomos alunos da antiga Escola Industrial e Comercial de Beja, hoje D. Manuel I, e iniciámos a nossa atividade desportiva no Despertar Sporting Clube, de Beja, como juvenis, em futebol. Reencontrámo-nos no Desportivo, como seniores, na época de 1970/1971, todavia, o nosso espaço futebolístico proporcionou-nos caminhos diferentes. Eu por cá continuei e tu lá partiste rumo à “Cidade Berço”, Guimarães, para representares o mítico Vitória. Assumiste-te como profissional, mas jamais esquecendo a componente dos estudos. Cito José Pratas Romão, nascido em Trindade no dia 13 de abril de 1952, e muito novo se radicou em Beja, urbe onde deu os primeiros pontapés na bola. Os terrenos baldios foram os “estádios” que o então promissor craque pisou. Com o ensino primário terminado rumou ao ensino secundário e aí acolheu particularizadas atenções do professor Manuel Fonseca que, em torneios académicos interescolares, viu nele capacidades para singrar no cosmos futebolístico. Por isso, nesta conjuntura da arte de bem jogar, não foi surpreendente a carreira que o esperaria. Zé Romão, na época de 1969/1970, foi convocado pelo selecionador David Sequerra que o levou à seleção nacional de juniores, sendo que, por essa altura, já jogava na equipa sénior do velhinho “Rasga”, que disputava, nesse tempo, o campeonato da III Divisão Nacional. Sendo certo que os seus créditos galgaram fronteiras, eis o FC Porto e a Académica de Coimbra a endossarem-lhes convites, mas o salto para o profissionalismo deu-se quando rubricou um contrato com o Vitória de Guimarães por 33 contos de réis, sendo as “luvas” pagas ao Despertar pela sua transferência. Na “Cidade Berço” jogou ao lado de Osvaldinho, José Carlos, Manuel Pinto, Artur, Costeado, Silva, Sousa, Germano, Jorge Gonçalves, Tito, Custódio Pinto, de entre outros companheiros. Como jogador defendeu ainda as cores do Penafiel e Alcobaça, zona Centro, e do Vizela, zona Norte. Seguiu-se uma longa passagem como treinador principal. Na época 1984/1986 assumiu o comando técnico do Vizela; 1986/1987, Penafiel; 1990, Vitória de Setúbal; 1990/1992, Desportivo de Chaves; 1992/1993, Famalicão; 1994, Belenenses; 1995, Tirsense; 1996/1997, Desportivo de Chaves; 1998, Académica de Coimbra; 1999/2000, Alverca; 2000/2002, seleção A de Portugal (como adjunto); 2003/2004, seleção de Portugal de sub-21; 2005/2006, Wydad, Marrocos; 2007/2008, Al-Arabi, Qatar; 2008/2010, Raja C.A. Marrocos; 2010/2011, Al-Kweit, Kweit; 2011/2014, Al-Arabi Kweit, Kweit; 2014/2015, Raja, Marrocos; por fim, na temporada de 2015/2016, o Forces Armées Royales de Rabat, um clube igualmente de Marrocos. Zé Romão usufrui o nível máximo de treinador ministrado em Portugal, tem graduação pós-universitária master em Alto Rendimento Desportivo do Centro Olímpico de Estudos Superiores de Espanha; entre 2002 a 2004 foi técnico do Painel de Elite da UEFA; foi membro da Comissão de Treinadores do Projeto Olímpico Antenas 2004 do Comité de Portugal e ao longo da sua carreira tem recebido várias condecorações de rádios, jornais e da Associação Nacional de Treinadores. Em Beja foi distinguido com a “Medalha grau prata” pela Câmara Municipal e com o “Diploma de mérito desportivo” pelo extinto governo civil. Zé Romão, um homem de casta sul-alentejana que será eterna e desportivamente inesquecível.