É com honrosa dignidade, à qual junto um inolvidável dever informal, que hoje trago à estampa a história fascinante do desporto em Castro Verde. Aliás, a sua cronologia é deveras atraente e transporta-nos para antigos tempos, ou seja, quando, no longínquo ano de 1922, Manuel Valadas – um homem que em vida tive a oportunidade de com ele dissecar esse passado e que me elucidou de como o vício do jogo da bola chegou à sua terra natal –, o grande incitador da modalidade na terra, rodeou-se dos amigos Eduardo Jorge, José Costa, Manuel Fernandes, Cuba, Francisco Silva, Paco, José Cruz, Cândido Alves, José Alves, Álvaro Freire, Manaca e José Baltazar e formaram aquele que foi o primeiro Futebol Clube Castrense. Porém, o grupo extinguiu-se e no ano de 1936 surgiu um lote de aventureiros, que, em parceria com alguns dos sobreviventes do grupo anterior, resolveram abrir as hostes e formarem o segundo Castrense. À cabeça da arrojada iniciativa esteve Manuel Batista Ramos.
Confirma-se, porém, que, no dia 1 de abril de 1953, José Vicente Colaço, conhecido por José Ricardo, teve a feliz ideia em juntar a rapaziada do Esperança e do Juventude, dois grupos que, entretanto, tinham espoletado na vila e à frente de uma equipa de trabalho levou de vencida uma velha ideia em formar, oficialmente, o Futebol Clube Castrense (FC Castrense).
José Ricardo contou, na então comissão organizadora, com a ajuda de Jaime dos Anjos Guerreiro Rosa, João Colaço Parreira Janeiro, Álvaro Francisco Romano Colaço, António Tito Guerreiro Martins Figueira, Francisco José Baltazar Romano Colaço, Antero Justo Martins Figueira e António Francisco Colaço Martins Figueira.
Esse indeterminável passo em frente levou os seus aventureiros a colocarem o FC Castrense na rota desportiva, deixando, desde logo, a ideia de que em Castro Verde o colateral movimento desportivo seria, certamente, um dado adquirido no futuro. Após anos de algum marasmo, eis o FC Castrense na ribalta, impondo-se na conjuntura regional e, mais tarde, nacional.
Na época de 1991/1992 sagrou-se, pela primeira vez, campeão distrital sénior na Associação de Futebol de Beja e subiu à III Divisão Nacional, onde registou comportamento exemplar. Sete temporadas seguidas no escalão luso permitiram ao clube criar estruturas para um futuro que se tornou inevitavelmente risonho. E se é verdade que o emblema do “Campo Branco” conquistou consideração perante outros competidores, por outro lado, a coletividade castrense abriu as suas portas a outras modalidades além futebol, que projetam o clube para a ribalta. Neste contexto, hóquei em patins, atletismo, voleibol, de entre outras atividades, são hoje realidades que dão brilho a uma terra que avança no tempo com segurança.
O Estádio Municipal 25 de Abril, ou o Pavilhão Desportivo Municipal António dos Anjos, são palcos de excelentes encontros desportivos, onde a juventude se entrega ao prazer de uma prática atlética deveras salutar. Este texto é, em parte, a história fascinante do desporto em Castro Verde.