Em Aldeia Nova de São Bento o futebol determinou parâmetros deveras extraordinários. Na década de 1920 um grupo de rapazes, todos estudantes e comandados por José Morais Louro, levaram para a localidade o chamado vício do jogo da bola. Afirma a história que o grupo se afirmou com o nome de Aldenovense Football Clube e que teve como sede a Sociedade Renascença. Surgiram, então, grupos populares, mas enquadrados com as respetivas profissões: sapateiros, trabalhadores rurais, caixeiros, barbeiros, de entre outras.
Nesta fase áurea, diz o fenómeno futebolístico aldeão que, no mês de fevereiro de 1924, o Aldenovense rumou à vizinha Paimogo, povoação fronteiriça espanhola, e brindou os anfitriões com a volumosa vitória por 8-0. Mas, a novidade não se ficava por aí já que o dérbi assumiu um carácter especial, ficando registado que o Aldenovense foi o primeiro clube do distrito de Beja a disputar um jogo “internacional”.
A comitiva portuguesa foi presenteada com uma semana de festa de arromba o que levou os familiares dos desportistas a recorrerem às autoridades para saberem alvíssaras dos seus entes queridos. Comentava-se que o desafio, face ao resultado, foi obsequiado com uma banda de música, bailes, beberetes e uma festa de arromba.
O regresso à aldeia terá sido francamente ovacionado, não obstante as silhuetas dos jovens evidenciarem um cansaço percetível. Ainda assim, os seus corpos joviais adaptaram-se ao rigor das noitadas e às vicissitudes pelas quais terão passado.
Da façanha ficou assinalado o batismo “internacional” do Aldenovense. A filiação do Aldenovense na Associação de Futebol de Beja ocorreu a 30 de novembro de 1938, com a presidência de Francisco Assis Teixeira. A 20 de agosto de 1947 o capitão Alcino Pires fundou o Atlético Clube Aldenovense, sigla depois alterada para Clube Atlético Aldenovense. Numa investigação sobre a razão que determinou a modificação não foram encontrados dados plausíveis que possamos exemplarmente esclarecer. Na época de 1974/1975 o Atlético participou, pela primeira vez, em seniores, nas competições associativas e por lá se preserva. Antes, porém, já o clube havia participado em competições oficiais, mas no escalão de juvenis.
Ao longo deste percurso o Atlético averbou dois títulos de campeão da primeira divisão e a subsequente concorrência em provas nacionais, sendo o primeiro com a presidência de António Cubaixo e o segundo com Manuel Luís Nunes. São, no fundo, 77 anos, nesta configuração, de inolvidáveis histórias, restando um bem-haja ao capitão Alcino Pires pela mui nobre proeza que deixou ao povo. Resta-nos mencionar, com a inequívoca certeza, de que o atual momento futebolístico vivido na população teve lugar naquela que foi a “loucura” que o autor deste texto, em conjunto com Zé Amaro, ousou ultrapassar obstáculos, desafiar presumíveis trincheiras e colocar em marcha o Atlético em competições legais.
Aliás, um emblema que ao longo das épocas vem demonstrando um franco desenvolvimento, não só na área competitiva, bem no campo na componente das infraestruturas. Resta aplaudir a atual realidade, bem como a beleza de seu parque desportivo, onde nem tão-pouco falta um pavilhão onde se pratica a modalidade de futsal.