Passeio pelas sinuosidades de uma temática em que convergem, e divergem, semânticas que o povo da bola sufragará, hipoteticamente, nos seus comentários. Debruço-me sobre personalidades que ao longo de um jogo de futebol são merecedores de diversas perceções: os árbitros.
Reconheço que a prosa poderá suscitar conversa, no entanto, é justo que falemos de homens que muito honraram o mundo da arbitragem, bem como uma região, neste caso baixo-alentejana, que paulatinamente se foi ausentando de valores com inesquecíveis impactos além-fronteiras.
Na arbitragem da Associação de Futebol de Beja cimentaram-se astros do apito que enchiam a plebe de orgulho. Recordo, e com um genuíno sentimento nostálgico, uma vez que fui dirigente de valiosos interpretes da arte, aliás, celebridades cuja ascendência num cosmos onde sempre imperaram excessivas dificuldades, destacando-se, de entre outros, Mário Alves, Rosa Santos e Veiga Trigo como árbitros de renome nacional e internacional. Articulo o texto sobre José Rosa Santos, nascido em Beja a 29 de maio de 1945.
A sua apetência para a prática desportiva terá vindo do Automobilista, um café que se situava no largo de São João e que a determinada altura foi o berço de uma equipa popular com o mesmo nome.
Na época de 1961/1962, Rosa Santos estreou-se, oficialmente, no Despertar, como júnior. Dessa equipa faziam parte o Serra, Sardinha, Cheira, Magro, Serrano, Rodrigues, Limpo, Ildo, Jorge, Zé Miguel, Neves e Soeiro. Na temporada de 1964/1965 rumou ao Desportivo que militava na segunda divisão nacional e que, normalmente, apresentava o seguinte 11, sendo Rosa Santos o guardião suplente: Alves, Marinho Ameixa, Zezinho, Silvino, Barbas, Dionísio, Baiôa, Palma, Palico, Suarez e Raúl. Durante a comissão militar em Angola, e integrando a 11.ª Companhia de Comandos, foi ferido em combate com gravidade, sofrendo, depois, uma cirurgia, em que lhe foi extraído um pulmão.
Após a recuperação, e tendo a perfeita consciência da sua condição física, optou pela arbitragem, visando a sua continuidade num universo que adorava e que lhe permitia viajar pelo prodígio desportivo. Foi árbitro regional, nacional e internacional. Façamos uma pontual visita à sua carreira: época 1969/1970, estagiário na AFBeja; 1970/1971, árbitro de 2.ª categoria distrital; 1971/1972, 1.ª categoria; 1972/1973, subida à 3.ª categoria nacional; 1973/1974, 2.ª nacional; 1974/1975, 1.ª nacional; 1982/1983, internacional, em que se manteve até 1992. No capítulo de fiscais de linha em campeonatos nacionais, Rosa Santos contou ao longo da sua carreira com Francisco Lobo, Joaquim Rosa, José Manuel, José Balsinha, Carlos Vidonho, João de Sousa, Arnaldo Aguiar, Joaquim Madeira, Veiga Trigo, António Nascimento, Marcolino Batista e António José. Hoje, Rosa Santos vive arredado de uma causa que muito o cativou. Ficam as memórias.