Sento-me defronte ao computador portável, viajo pelo campo das memórias, sendo estas uma diversificada panóplia de recordações que transportarei eternamente comigo, revejo joviais momentos e lembro áureos instantes em que o desporto escreveu páginas de glória. Confluo numa temática desportiva em que a imparcialidade de um jornalista é uma incumbência que todos temos de honrar. A verdade, sim, a verdade, é escrita e dita com solidez, mas por vezes deturpada. A experiência acumulada sempre me foi dando ânsia para informar com isenção e é legitimamente assente nessa ilação de valores éticos que vou debitando pedaços de narrativas que me preenchem o alento. Fernando Manuel Marques Dionísio foi presidente da direção da Associação de Futebol de Beja (AFBeja) entre os anos de 1992 e 2009, um mandato que se estendeu por 16 anos e nos quais se deparou com quatro eleições em que os clubes lhe deram a sua fiel sucessão no cargo. Fernando Dionísio, advogado de profissão, ter-se-á afastado do mundo do associativismo, uma causa à qual se entregou de alma e coração. Após a retirada, raríssimas foram as vezes em que se vislumbrou a sua presença num evento desportivo. Afastou-se por razões que ele próprio terá considerado compreensíveis. Mas, e há sempre um mas, eis que Fernando Dionísio, nas festividades dos 100 anos da AFBeja, foi laureado como um dos presidentes mais duradouros à frente da direção. Foi justo o momento que lhe fora proporcionado, visto que a sua dedicação, em conjunto com uma equipa de trabalho que jamais renegou o sentido do dever cumprido, foi imensurável, mesmo quando as dificuldades porventura apertavam. Com a vigência de Fernando Dionísio a associação conheceu alguns locais, sendo os resultados financeiros acumulados determinantes para a compra do atual edifício, sito na rua Eça de Queirós n.º 6, em Beja. Permitiam-me recordar, e com ênfase, como a “Gala dos Campeões”, hoje um evento que merece rasgados elogios, surgiu entre nós, visto que até ao ano de 1993 os filiados nunca tinham sido merecedores dos recebimentos de troféus em final da época e num ato extraordinário no qual todos se juntam num convívio promovido pela AFBeja. Em 1994, Fernando Dionísio, com a colaboração do jornal desportivo “O ÁS”, levou a efeito aquela que foi a primeira edição. Fernando Dionísio e o saudoso Delmiro Palma, diretor do semanário, foram convidados pela Associação de Futebol do Algarve para assistirem ao brilhante acontecimento, trocando, de pronto, conversas que se associavam à concretização, em Beja, de tal aventura. Uma aventura que não foi nada fácil colocar em pé, tudo tinha os seus custos, jogou-se com o fator publicidade, houve pedidos de auxílio a entidades oficiais e o sonho concretizou-se. A gala iniciou-se com ar tímido, havia que acertar uma série de disposições, escolher um local condigno, enfim, uma prossecução de circunstâncias que obedeciam a um prévio cuidado. Todavia, a iniciativa ganhou consistência, realizou-se e é hoje merecedora de um indesmentível sucesso. Fernando Dionísio, um dirigente que deixou e fez história na AFBeja.