Viajando pela insofismável e fulgente história desportiva no distrito de Beja, superamos encruzilhadas de caminhos enlameados, sendo a substância do seu conteúdo legados a que raríssimos escribas se submeteram. As doutrinas que ficam para a posterioridade, quer nos doados pelo saudoso Melo Garrido, História do Desporto no Distrito de Beja de 1904 a 1956, quer em Glórias do Passado, volumes I e II, ou Associação de Futebol de Beja – 90 Anos de Memórias e Relatos – Os Clubes, a sua Criação e Trajetórias, ou, ainda, Bola de Trapos – Crónicas Desportivas do Baixo Alentejo – 1904 a 2022 – sendo o autor destas últimas quatro obras este já sénior jornalista/escritor, eu, José Saúde –, serão certamente o supra sumo de aventuras que levaram, horas, dias, semanas, meses e anos numa procura perseverante de veracidades eternas que ficarão relatadas para a posterioridade. Jornadeei por estradas alcatroadas, ou asfaltadas, ou por caminhos de terra batida, na tentativa cristalina de procurar conhecer a certeza de como tudo aconteceu quando o mundo desportivo, objeto de motivações, chegou ao conhecimento das gentes locais.
Foram lugarejos, aldeias, vilas e cidades onde ancorei, visando obter o conhecimento dos seus povos, reconhecendo que os homens mais velhos, muitos deles já partiram para o perpétuo descanso, foram pessoas capitais que me permitiram recolher valiosos dados que transcrevi para livros entretanto publicados.
Não importou os milhares de quilómetros por mim percorridos por este distrito fora, mesmo que fizesse frio ou calor, chuva ou vento, mas o que ficou redigido foi não só o seguimento do inolvidável legado deixado por Melo Garrido, bem como a oportunidade em lhe ter dado uma compreensível sucessão, deixando cronologias de um passado que merece apreciação.
Aliás, esta veia da escrita já tem cabelos brancos e foi através do meu saudoso amigo Delmiro Palma, então diretor do jornal desportivo “O ÁS”, de Beja, um órgão de comunicação social do qual fui, mais tarde, proprietário e diretor, me incentivou para abraçar o projeto que lhe ia na alma: que eu desse prosseguimento ao trabalho de Melo Garrido.
Mas, a história desportiva sul-alentejana terá sempre um interminável prosseguimento, logo, existem momentos em saber destrinçar o trigo do joio, ou seja, lembrar que a nossa história desportiva é feita por pessoas que se entregaram de alma e coração para deixarem credíveis apontamentos para as gerações vindouras as poderem consultar.
100 Anos de AFBeja é um livro cujo autor é o jornalista Carlos Pinto, sendo a sua recolha de dados interessante, por isso aqui deixo, agradavelmente, expresso, os meus sinceros parabéns.
Todavia, causou-me estranheza, no discurso presidencial, ao não ouvir uma pequena referência sobre alguém que percorreu o distrito de lés a lés, recolhendo fidedignos dados provindos de pessoas ligadas ao mundo futebolístico que muito contribuíram para trazer à estampa uma das minhas obras, neste caso particular, Associação de Futebol de Beja – 90 Anos de Memórias e Relatos – Os Clubes, a sua Criação e Trajetórias, onde relato as estruturas da associação e dos seus filiados, foram113 sinalizados, de dirigentes que se sacrificaram para “levarem a carta a Garcia”, sendo que o espólio associativo terá ficado nas eventuais criptas da chuva que o tempo (quase) tudo levou.