Diário do Alentejo

Recordando  o saudoso  Raul Lampreia
Opinião

Recordando o saudoso Raul Lampreia

José Saúde

30 de março 2025 - 08:00

Perfilho, com enorme grandeza e atestada em recomendáveis compromissos desportivos, que outrora existiram personalidades que se assumiram como autênticos deuses numa modalidade que dantes ditou uma imensidão de emoções: o futebol. Neste contexto, submeto-me a uma sucinta narrativa sobre a história desportiva e leva-me a presumível complexidade da informação a enveredar por caminhos que refletem prudência.

Todos temos opiniões e todas elas são bem-vindas. Reconheço que agradar a gregos e a troianos é complicado.

Ouso, porém, trazer livremente à opinião pública retratos de pessoas que muito contribuíram para o progresso do futebol nestas paragens sul-alentejanas. Considero que o catálogo de personalidades é vastíssimo e todos eles serão sempre lembrados com saudade. Mas a minha ânsia de um profícuo saber quem somos e de onde viemos desportivamente conduz-me a enveredar por veredas apertadas e desbravar inolvidáveis etapas construídas por criaturas cuja entrega à causa se reflete na realidade presente. Recordando o saudoso Raul Guerreiro Lampreia, conhecido na cidade de Beja pela alcunha de “Bife”, foi um dos dirigentes colossais na construção do processo futebolístico local e distrital.

Iniciou a sua carreira no dirigismo a 9 de novembro de 1935, no conselho de gerência do Luso, onde se assumiu, depois, como presidente da direção. A sua obra, considerada valiosa, levou-o ao trono da presidência da Associação de Futebol de Beja (1938/1939-1941/1943), sendo também representante deste organismo na Federação Portuguesa de Futebol.

A sua imutável crença de indivíduo cauto na matéria conduziu-o a diretor do Clube Desportivo de Beja, após a concludente fusão (8 de setembro de 1947) entre o Luso, o União e o Pax Julia. Homem íntegro, correto e, sobretudo, educado, envergando sempre vestes requintadas, fatos e gravatas de primeira qualidade, foi considerado então como pessoa de bem e ei-lo como vereador da Câmara Municipal de Beja, assumindo-se como um dos principais impulsionadores pela construção do Estádio Municipal Engenheiro José Frederico Ulrich, um espaço inaugurado a 27 de abril de 1953, sendo que a autarquia, mais tarde, conferiu-lhe o nome de Dr. Flávio dos Santos.

Refira-se, com a merecida justiça, que este campo de jogos ao longo dos anos fez furor a sul de Portugal, dado a sua magnitude bélica, bem como o excelente pelado apresentado, o qual se associava à explícita amplitude de um lugar que usufruiria, mais tarde, de ótimas e novéis infraestruturas para a época. Relembrar Raul Lampreia é trazer à estampa um cidadão cordial que, não obstante a sua cortês classe social, sempre a plebe teve conhecimento de que a sua residência oficial foi um quarto na pensão Rocha, no largo D. Nuno Álvares Pereira, em Beja. Raul Lampreia, um aristocrata que ficará eternizado nas hostes futebolísticas, não só a nível regional, assim como nacional. Concluindo: os anos passam e as memórias ficam para que a nossa história desportiva dela tenha um inesquecível conhecimento.

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