Diário do Alentejo

José Cabaça,  o regente  que orquestrou o Sporting  de Cuba
Opinião

José Cabaça, o regente que orquestrou o Sporting de Cuba

José Saúde

14 de março 2025 - 20:00

A utopia do tempo conduz-nos a resolutas paixões de clubes que assumem explicitamente o estatuto de históricos, tendo em linha de conta as potencialidades desportivas já conquistadas. Façamos uma viagem pelo Sporting Clube de Cuba, um grémio fundado em 5 de março de 1932, 93 anos de vida e que teve como regente principal um homem que orquestrou uma agremiação que se expandiria seguramente ao longo das épocas, José Joaquim Cabaça.

 

Cabaça, sócio do Sport Ginásio Cubense, predispôs-se a reunir um grupo de rapazes, todos simpatizantes do Sporting Clube de Portugal, e no ano de 1931 partiu para a construção de alicerces cuja finalidade passava pela constituição de um clube.

 

Trabalhava-se um pouco à deriva e como a lógica determinava não existiam instalações próprias para se esculpirem projetos futuros. Valeu, nesta fase, o Ginásio Cubense, bem como a Sociedade Filarmónica, que dispensaram um exímio espaço onde a rapaziada se acomodava para discutir ideias e trabalhar objetivos para os tempos vindouros. Num labiríntico de expectativas em que as opiniões convergiam, eis que um celeiro na rua de Santo António serviu a preceito para o Sporting de Cuba instalar aquela que foi a primeira sede de que há conhecimento. José Cabaça, o homem do leme de um barco que navegava num mar algo encrespado, rodeado de estudantes, funcionários do caminho de ferro e outros públicos, colocaram o Sporting de Cuba em carris estáveis, arrendaram um prédio na rua Dr. Almeida Tojeiro, n.º 16, e aí fixaram em definitivo a sede.

 

Neste ciclo áureo foi pedida a filiação ao Sporting Clube de Portugal, sendo-lhe esta concedida e atribuído a honra de se afirmar como a 50.ª filial da casa-mãe. O emblema cubense usufruiu, mais tarde, da preciosa ajuda do Dr. Augusto Amado de Aguilar, um sócio benemérito que financeiramente não recusava uma ajuda sempre que solicitado para doar os seus préstimos, principalmente, monetários. Dissecando os anos em que o futebol se radicou em Cuba, com algumas excelentes participações quer a nível regional, quer nacional, bebemos em fontes que nos indicam exuberantes épocas onde o futebol guiou o povo a manhãs e tardes de glória.

 

De Cuba saíram distintos jogadores que mui dignificaram a terra, sendo o futebol juvenil uma inquestionável obsessão que os dirigentes jamais desprezaram. Miúdos que catapultaram o seu Sporting para patamares superiores, erigindo bem alto o nome da terra natal. Mas, numa apropriada inquirição aos tempos de outrora, onde o labor dos homens pela prática desportiva fora determinante para os tempos vindouros, requemos ao ano de 1942 e falemos de um 11 que defendiam as cores do Sporting de Cuba: Vicente, Zé Fialho, Manuel Vinagre, Matoso, Soeiro, Chico Corvo, Janeiro, António Vinagre, Valente, Jorge Pinto e Marcelino.

 

É, pois, de louvar a forma como os “leões” de Cuba agarraram as rédeas de um emblema que, presentemente, guarda no seu já vasto currículo uma enormidade de títulos nos diversificados escalões competitivos. 

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