Diário do Alentejo

Ancestralidades desportivas
Opinião

Ancestralidades desportivas

José Saúde

10 de janeiro 2025 - 08:00

Mário de Oliveira nasceu em Lisboa no dia 26 de novembro de 1890 e foi um conceituado jornalista, quer regional, quer nacional, dos primórdios do século XX. Viveu em Faro e o futebol foi sempre a sua praia. Em 1943 escrevia: “A atividade desportiva de Beja está virtualmente limitada ao futebol e é pequena”. Zela-me a curiosidade envolver-me num passado já longínquo, o qual não conhecemos, restando a certeza da existência de documentos que ficaram reservados em prateleiras que nem o bicho da madeira, por muito persistente que o seja, os conseguirá exterminar. Expõe o calendário de vidas que o jornalista debitava os seus pareceres sobre conteúdos desportivos, sendo a explanação aqui descrita motivo para se debruçar acerca doutras modalidades existentes por estas bandas sul-alentejanas. “O ciclismo que nesta província chegou a ter um certo valor, quando existiu em Ferreira do Alentejo o Velo Clube os ‘Leões’ que deu ao seu distrito uma vitória individual na ‘Volta a Portugal’ desapareceu quasi por completo”. Mário de Oliveira escrevia, também, sobre o “ping-pong” que “joga-se sem competição inter-clubes”. Posto isto, o escriba regressava ao início do seu texto e centralizava-o na cidade de Beja. “O futebol é, pois, um desporto em atividade. São, todavia, poucos os clubes bejenses de primeiro plano. O Luso Sporting Clube, de onde é ainda figura de destaque Raúl Guerreiro Lampreia, vereador da Câmara de Beja, presidente da Associação de Futebol de Beja e antigo diretor da Federação Portuguesa de Futebol; e o União Sporting, sob o impulso de Manuel de Melo Garrido, conhecido árbitro e nosso presado colega de Imprensa”, acrescentando o autor da crónica “o Despertar”. No campo das ancestralidades desportivas, Mário de Oliveira garantia que “o Estádio Avilez, na periferia da cidade está a desaparecer, devido a encontrar-se na zona para onde a cidade se estende”. Ora bem, aqui chegados conclui-se: com o estádio Condessa d`Avilez, inaugurado a 1 de fevereiro de 1931, a acusar desgaste, para além da sua localização em relação à urbe, Banha da Silva, então presidente da autarquia, resolveu atribuir subsídios mensais ao Luso, pela perda do seu campo, bem como à Associação de Futebol de Beja. Planeou-se, entrementes, um novo estádio, sendo que Raúl Lampreia incentiva Banha da Silva para a sua construção, e com o projeto concretizado iniciaram-se as obras, sendo que a 27 de abril de 1953 foi inaugurado o Estádio Municipal Engenheiro José Frederico Ulrich, mais tarde a edilidade bejense conferiu-lhe o nome de Doutor Flávio dos Santos. Retratos de ancestralidades que marcaram a evolução desportiva e onde cito, com justiça, o conhecido professor David Monge da Silva, mestre na metodologia do treino, pelo documento que gentilmente me outorgou e que me permitiu produzir o tema para esta “Bola de Trapos”. Fica mais um pequeno relato de um passado que paulatinamente progrediu para a presente realidade. 

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