Somos, na universalidade da vida, portadores de capacidades que nos remetem para obras que elevam ao púlpito expectantes motivações que se predispõem a salvaguardar, e despretensiosamente ajudar, o bem-estar do seu povo, ou, neste caso, do seu bairro. Não narramos, na sua plenitude, tudo o que dele conhecemos. Aliás, por muito que expuséssemos, o que porventura seria fastidioso, muitas outras ações, algumas de mangas arregaçadas, ficarão nas cumeadas de um contexto global do seu exemplar trabalho ao longo dos vários anos que superintendeu um dos emblemas do seu exausto coração.
A razão que lhe existe na alma tem um símbolo de entrega total a um trabalho que deixou história no meio desportivo regional sul-alentejano, principalmente, bejense. Viu-o, e assumo-o com a pura veracidade dos factos observados, entregue de corpo e alma nas mais diversificadas e trabalhosas tarefas em que jamais se terá dado como vencido.
O seu caminho apresentou-se sempre como retilíneo, não abdicou da sua forte personalidade, ou a submeter-se a profecias que, porventura, lhe quisessem impor, não andou por veredas, tantas vezes armadilhadas, e nunca abdicou em expor as suas opiniões.
Manteve-se literalmente hirto num patamar de dirigentes desportivos, defendendo, com honra e dever, o Centro de Cultura e Desporto do Bairro Nossa Senhora da Conceição, em Beja. João Mimoso foi um dirigente perspicaz, incisivo nas suas ideias, mesmo que estas tivessem como palco as assembleias da Associação de Futebol de Beja, ou, ainda, aquando outras tarefas informais impunham o seu próprio sacrifício. Escrever sobre João Mimoso é uma tarefa, creio que, para mim, não difícil, em recompensar um homem que sempre deu o melhor de si em proveito de uma coletividade que se desenvolveu no tempo, quer em termos de infraestruturas, quer no âmbito desportivo. Sou testemunha, e disso não abdicarei, em trazer à estampa a sua voluntariosa entrega ao seu bairro. Conheço, profundamente, a essência de uma agremiação que nasceu do nada e caminhou para a realidade presente. Aquele ermo, onde o campo se localiza, é hoje um excelente parque desportivo na cidade de Beja. Para que tudo isso acontecesse teve a mão de João Mimoso e das equipas que com ele trabalharam. Importa, ainda, deixar explícito que assistimos, ao vivo, ao João Mimoso em plena labuta na construção de estruturas físicas, levantando paredes, com tijolos na mão, concretizando e elaborando projetos, ou na ambicionada concretização de um relvado sintético no campo. Ele foi “pau para toda a obra”.
Umas vezes amado, outras odiado, substância que normalmente acontece ao mais audaz cidadão comum, ou seja, aquele que faz e deixa obra para a gerações vindouras apreciarem. E eis-nos chegados ao passado dia 22, sexta-feira, ao átrio das distinções levadas ao efeito pela câmara municipal que erigiu a II Gala do Desporto do Concelho de Beja no Pax Júlia Teatro Municipal, onde a João Mimoso lhe foi atribuída a menção honrosa de dirigente do ano. Hoje, a realidade do bairro é de pleno crescimento e onde se movimentam cerca de 200 atletas nas diversas competições desportivas. Mas, para que tudo isso tivesse acontecido permanecerá, para sempre, a abnegação de João Mimoso.