Na encruzilhada da vida em que as memórias são férteis em recordar um passado no qual temos a incumbência de trazer à estampa momentos áureos que nos surgem à tona da mente, ou de relatos fulgentes de acontecimentos que nos foram doados, principalmente, por parte dos saudosos companheiros na arte da escrita desportiva, Xico Pratas e Delmiro Palma, pois foram eles que me transmitiram alguns desses saberes do antigamente, a que junto inenarravelmente todo o memorável de testemunhos legados por Melo Garrido, antigo diretor do “Diário do Alentejo”, que ouso, por honra e transparência, transportar para o leitor, um leitor sempre ávido de notícias de outrora, ou seja, de pedaços históricos nos quais o desporto, na sua generalidade, é uma incontestável bênção que nos preenche a alma.
Beja, tal como muitos outros lugares do distrito, é pródiga em clãs de famílias que ergueram bem alto o seu resplendor pelo fenómeno futebolístico, nomeadamente. Transito por veredas onde se alteiam vidas que, no campo da equidade, nos trazem distintos exemplos daquilo que em tempos foi um trio de irmãos cuja habilidade para o futebol fez furor, quer a nível regional, quer nacional.
Inácio, Manuel e Honório Paixão, embora desenvolvendo em paralelo as suas atividades profissionais, são exemplos completos do que fora o seu talento na arte de bem tratar a redondinha, bem como o seu empenho no interior do retângulo de jogo. Inácio foi um esquerdino nato que se evidenciou no Despertar e no União de Beja. No Despertar, emblema no qual o pai fora dirigente, jogou com os seus dois irmãos. Na década de 1940 a sua magia encantava um povo que via no futebol uma ardente luz de esperança para um amanhã melhor.
Dou ênfase à crónica soltando um 11 do União, na época de 1944/45: Bota, Justino Baião, Manuel António, Batista, Janeiro, Mateus Pereira, Carlos Aleixo, Delca, Manel Ameixa, João Ameixa e Inácio Paixão.
Pelo prisma da seriedade que o texto literalmente contempla, o Manuel foi prestar serviço militar para Évora e por lá ficou, defendendo as cores do Lusitano que, na altura, militava na primeira divisão nacional, sendo, por isso, o representante do Alentejo no escalão maior do futebol português. Deixo-vos com uma das formações principais dos lusitanistas nos anos douradas de 1950: Vital, Falé, Teotónio, Vicente, Narciso, Paixão, Fialho, Ivson, Flora, Caraça e Zé Pedro.
O Honório transitou do Despertar para o Desportivo de Beja, símbolo no qual militou várias épocas. Eis, pois, um 11 do Desportivo desses velhos e gloriosos tempos: Alves, Honório Paixão, Bacala, Vladimiro, Meira, Tita Sanina, Varandas, Marcelino, Perdigão, Vaz e Madaleno. Esta é uma história, embora resumida, dos irmãos Paixão no contexto de uma modalidade, o futebol, onde marcaram épocas brilhantes. Outros tempos!