Diário do Alentejo

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José Saúde

09 de fevereiro 2024 - 08:00

Jornadeando pela minuciosidade que o cosmos desportivo estimula o mais peculiar cidadão, tropeçamos em espólios reservados em recantos sagrados que nos deixam não só enriquecidos pela beleza da historiografia examinada, mas, sobretudo, seduzidos pelas cronologias que vamos desvendando.

No já distante ano de 1904, a vila de Cuba, uma localidade tomada aos árabes por D. Sancho II, sendo o seu foral doado em 1782 e a topologia das ruas marcadas pela influência pombalina, foi considerada como berço do desporto regional, uma vez que a novidade do ciclismo ali estabeleceu parâmetros, quiçá, inigualáveis.

Cruzando os celestes ventos da heroicidade das épocas, estes dizem-nos que naquela povoação, sempre vocacionada para a competição velocipédica, foi construída uma pista, em terra batida, com a dimensão de 360 metros, considerada então como a terceira a nível nacional, sendo a primeira edificada em Lisboa e a segunda na Figueira da Foz.

A iniciativa da infraestrutura, na qual se realizavam corridas e festivais, pertenceu a Sebastião Herédia, filho do visconde da Ribeira Brava, como deixou escrito Melo Garrido, embora a contextualização de cada narrativa que aqui apresentamos obedeça a procedências de fontes recolhidas ao longo dos muitos anos que por cá andamos.

Em 1931, José Joaquim Cabaça, sócio do Sport Ginásio Cubense, amante do futebol, juntou um conjunto de rapazes simpatizantes do Sporting Clube de Portugal (Sporting CP) e arrancou para a construção de alicerces de que resultou a fundação do Sporting Clube de Cuba, a 5 de março de 1932.

Observa-se que a primeira sede da novel agremiação foi um celeiro situado na rua de Santo António. Cabaça, homem com garra e conhecedor do meio urbano local, rodeou-se de estudantes, funcionários dos caminhos de ferro, assim como de trabalhadores que exerciam as suas atividades em departamentos públicos e arrendaram um prédio na rua Dr. Almeida Tojeiro, onde instalaram definitivamente a sede oficial.

Organicamente sobressai a aprovação oficial dos “leões” cubenses como a 50.ª filial do Sporting CP. Num olhar sobre o evoluir do tempo, centremos atenções num outro senhor que deixou vincada a sua dedicação ao emblema: o doutor Augusto Amado de Aguilar.

Um sócio benemérito que em instantes financeiros críticos que o clube mergulhava, arranjava incessantes soluções para se ultrapassarem as pontuais crises monetárias deparadas. Reconhecendo-se a sumptuosidade do currículo do Sporting de Cuba, deslizamos para os muitos títulos conquistados quer no futebol de formação, quer na vertente de seniores, ou ainda noutras modalidades.

Agora, sublinhemos, com a justa proficiência, que as esplêndidas infraestruturas desportivas construídas ao largo do tempo, e em que a própria câmara colaborou, convergem em prol de um povo que sempre manifestou a sua aproximação a um fenómeno onde a universidade desportiva se propaga na vila cubense.

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