Diário do Alentejo

Lugares  com história
Opinião

Lugares com história

José Saúde

26 de janeiro 2024 -

Viajo pelo universo de eternas lembranças e dou por mim a absorver legados que fizeram do desporto um verdadeiro hino à emancipação de um povo, onde os seus sonhos se pulverizam de inquestionáveis emoções

Recorro a heranças deixadas por prodigiosos mestres, exímios autores de excelentes histórias, sendo certo que o resplandecer dessas memórias conduzem-nos aos princípios do século passado, onde Beja, em particular, fora palco de eloquentes reptos desportivos.

Em finais de 1906 um grupo de estudantes trouxeram para a velha Pax Julia o chamado vício do jogo da bola e logo aí se terá dado um passo gigante rumo ao supremo gosto pela prática desportiva. Passados uns anos, a 1 de maio de 1931, foi inaugurado o estádio Condessa D’Avilez, sendo que aquele recinto foi palco para efusivos aplausos.

O espaço, para além do futebol, aonde o Luso atuava como equipa anfitriã, era também palanque de fascinantes tardes de ginástica em que um grupo de atletas, liderado pelo saudoso Melo Garrido, homem que nos deixou uma preciosa dádiva, entusiasmava um público que fazia questão em marcar presença no ágil acontecimento.

A 27 de abril de 1953 deu-se a inauguração do estádio municipal Eng.º José Frederico Ulrich, mais tarde denominado Dr. Flávio dos Santos, sendo que aquele campo não fora somente destinado ao futebol, assim como para a rotina de outras modalidades que a juventude admirava.

O estádio usufruía de magníficas condições e a sua enorme dimensão proporcionava que a área demarcada entre o retângulo de jogo e o local onde o público se aglomerava fosse aproveitada pela antiga Mocidade Portuguesa para ali realizar provas de atletismo. Numa pista onde as linhas do percurso eram marcadas com cal, produto efervescente trazido, quiçá, de Trigaches, os jovens corriam em busca de um sonho e a rapaziada recreava-se com o prazer que o mundo das correrias lhes facultava. Mais tarde, o campo relvado, cedido pela Força Aérea Alemã, foi beneficiado com uma pista de tartan e o atletismo rumou a uma outra ponta da cidade e por lá se fixou.

É óbvio que o piso, com o evoluir dos tempos, degradou-se, merecendo, naturalmente, uma oportuna remodelação. A edilidade bejense, com administração direta, remodelou o espaço e restaurou a pista no Complexo Desportivo Fernando Mamede. Hoje, num outro lugar citadino, ou seja, no Bairro Nossa Senhora da Conceição, existe o Centro de Cultura e Desporto que possui espaço próprio, um pavilhão e um campo de futebol com relva sintética e bancadas. Resumindo: como o fenómeno desportivo evoluiu ao longo do tempo, sendo também certo que tal agilidade se concretizou em toda a sua longitude zonal, principalmente, quando a liberdade de Abril soltou as amarras do medo. Lugares com história.

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