Diário do Alentejo

Passado e o presente
Opinião

Passado e o presente

José Saúde, jornalista

23 de julho 2023 - 16:00

Recordar o passado fértil em brincadeiras de jovens que despertavam para a vida adulta assume-se, agora, uma forte razão para nos imiscuirmos no presente, depararmo-nos com a realidade observada e concluir que a evolução dos tempos, quer no campo humano, quer no físico, galgou novéis visibilidades, conquistou novos espaços, a sociedade submeteu-se a outros padrões e o mundo é hoje um palco onde proliferam exímias transformações. Viajo pela interioridade da cidade de Beja, sobretudo, pelo seu irrefutável desenvolvimento, reencontro-me com a memória de lugares antigos e reparo que o poder do homem foi determinante para uma volátil e inevitável modificação.

A 1 de fevereiro de 1931 inaugurou-se o Estádio Condessa d’Avilez e o Luso Sporting Clube, fundado a 16 de junho de 1916, assumiu a nova infraestrutura desportiva como sua, sendo que naquele espaço o grémio subscreveu páginas de grande reputação desportiva. Com a dinâmica futebolística a evoluir, a 27 de abril de 1953 inaugurou-se o Estádio Municipal Engenheiro José Frederico Ulrich e a autarquia, mais tarde, conferiu-lhe o nome de Dr. Flávio dos Santos. Pelo meio desta maratona ficou o campo do Liceu, onde o Desportivo atuou. Somos de uma época em que assistimos ao refulgente desenvolvimento futebolístico e das multidões de criaturas que sequiosamente assistiam às fascinantes exibições do Desportivo. Presentemente, o futebol bejense concentra-se no Complexo Desportivo Fernando Mamede, uma zona desportiva na qual existem dois campos sintéticos e um relvado, sabendo-se que a data de transição do Estádio Dr. Flávio dos Santos ocorreu a 27 de setembro de 1992. Recuo aos verdes anos da minha infância e lembro, com uma saudade infinita, as inúmeras manhãs e tardes passadas no antigo estádio Engenheiro José Frederico Ulrich jogando à bola nos dois pequenos campos pelados então por ali existentes, para além do principal. Um deles situava-se logo à entrada, no lado esquerdo, e um outro no local onde se situa a piscina municipal descoberta. Num final de uma manhã recente, solicitado pela curiosidade, entrei na zona onde qualquer visitante o poderá fazer, sendo que através daquele lugar olhei os muitos banhistas que por lá andavam e de imediato me assaltou à memória as incontáveis horas que por lá passei a jogar à bola naquele desaparecido recinto, onde muitos dos jogadores da velha Pax Julia despertaram para o futebol.

De facto, a piscina municipal, inaugurada a 15 de agosto de 1966, é um eloquente espaço que leva quase 57 anos de existência, sendo que variadíssimas gerações assumiram a infraestrutura como um lugar deveras aprazível e como ponto de encontro de uma juventude que sonhava com tal progresso. Ao fundo lá está o moribundo estádio municipal, aquele que fora outrora teatro de incontáveis histórias a pedir, quiçá, uma assistência que indeclinavelmente se recomenda.  

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