Sou um acérrimo defensor da crítica, dizia o homem sentado na mesa da esplanada. A possibilidade de criticarmos é a aplicação inteira dos conceitos de democracia e de liberdade. Fazendo uso desse princípio fundamental da vida em sociedade, nada me impede de dar a minha opinião sobre qualquer assunto ou qualquer pessoa, nada me condiciona, nada me limita. Sou um cidadão de plenos direitos e por isso posso discordar, posso contrariar, posso pôr em causa, não tenho de me calar só para parecer bem. De mim nunca esperem ausência de pontos de vista, de posições, de convicções, de crenças, de ideias, de teorias, de teses, de arbítrios, de pareceres, de pensamentos.
Mas, caros companheiros de esplanada, o que eu disse até agora é só metade do que eu vos quero dizer. Eu não dou palpites, não atiro pedras e escondo a mão, não me fico pela rama, não altero realidades para que elas se adaptem ao meu pensamento, não arregimento correligionários, não sou deste e depois sou daquele, o inimigo do meu inimigo não é por minha conveniência meu amigo, não fico sentado à espera que os outros façam mal para que eu critique. Não, meus amigos, apesar de estar aqui sentado na esplanada a invocar o meu direito constitucional de criticar, eu levanto-me, disponibilizo-me, debato, dialogo, e imbuído de uma assertividade da qual não abdico, tento fazer parte da solução, esforço-me por construir alternativas, dou o meu contributo, nunca me refugio em fações, nunca me esgoto em bitaites.