Diário do Alentejo

Seleção da AF Beja, em 1948
Opinião

Seleção da AF Beja, em 1948

José Saúde, jornalista

16 de julho 2023 - 15:00

A durabilidade do tempo conduz o mais singelo e perspicaz homem da escrita desportiva a empolgantes temas trazidos avulso e que nos deixam pespegados a momentos de uma transcendental saudade. Num revigorar persistente na procura de informação de outros tempos, tempos em que eu ainda não fazia parte deste mundo, sublinho que a história do desporto na nossa região acarreta em mim uma enorme curiosidade que me permite voar pelas pressupostas “asas” do vento, propondo-me trazer a público acontecimentos que dantes mexeram com o território sul-alentejano. As pesquisas a que há muito me dedico são tarefas extraordinárias, razão pela qual lá vou deixando relíquias desportivas, soltando escritas para sempre serem recordadas, sabendo, antecipadamente, que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, como dizia Fernando Pessoa num dos seus poemas.

O ano era o de 1948 e a Associação de Futebol de Beja (AF Beja) tinha como selecionador o mítico Melo Garrido, cuja missão que lhe fora atribuída era conceber uma seleção de jogadores distritais. Com esse propósito, Melo Garrido, conhecedor profundo da modalidade, formou o seguinte 11 que defrontou o Almada, equipa que havia ascendido à II Divisão Nacional, na terra do Cristo Rei: Valentim Quarenta (São Domingos); Homero (Despertar) e Carrasco (Aljustrelense); Satiro (Despertar), Maralhas (Aljustrelense) e Jorge (Sporting de Cuba); Miguel (Aljustrelense), Mateus I (Aljustrelense); Mateus II (Aljustrelense), Gomes (Sporting de Cuba) e Vicente (Aljustrelense).

E é justamente neste cavalgar, meramente despretensioso, que trago à memória dos mais usados temáticas que, numa outra dimensão, as enquadro com a realidade atual, reconhecendo, também, que na década de 1960 a seleção de juniores da AF Beja também se bateu com outras congéneres. A dinâmica então incutida no desenvolvimento da associação foi, na verdade, merecedora de francos aplausos, tendo em conta o seu desenvolvimento não só em termos físicos, assim como no boom de novos clubes, ou de novos escalões, principalmente, os de formação, em que se se verifica um retumbante número de atletas, no seu todo cerca de 3900 na última temporada (2022/2023).

Dos petizes, traquinas, benjamins, infantis, iniciados, juvenis, juniores, seniores e futebol feminino, formam um conjunto de atletas que espelham a realidade presente do órgão máximo associativo. Para além da profícua sustentabilidade no que concerne à veracidade do elevado número de desportistas inscritos, tínhamos também em conta que o número dos filiados que hoje militam na AF Beja situa-se nos 46, ao invés de um passado em que os participantes em competição quase se contavam pelos dedos de uma mão. Sinais do tempo que simboliza trabalho, dedicação e disponibilidade para enfrentar os mais diversificados problemas que se espalham pelo ardiloso caminho. Fica também a entrega dos árbitros ao fenómeno futebolístico regional, homens que lá vão tentando levar a “carta a Garcia”.

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